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Nesse carnaval decidimos conferir o Circuito Lagamar – litoral sul Paulista e Vale do Ribeira . Um projeto muito parecido com o Circuito do Vale Europeu – Santa Catarina. A proposta é a mesma: dar ao cicloviajante oportunidade de roteiros que permitem explorarmos regiões diversificadas do Brasil. Poder apreciar nossas culturas, costumes e belezas naturais.
Assim como no Circuito do Vale Europeu o ciclista tem acesso a mapa, passaporte e precisa assinar um termo de responsabilidade.
Os kits estão disponíveis na Padaria Cajara (Av. Copacabana, 252- Balneário Britânia). Nós conseguimos apenas o passaporte (credencial que poderá ser carimbada nas pousadas e pontos de apoio), não havia mapas impressos. Então da padaria seguimos para a Oficina de Turismo (localizado na Rodoviária). Fomos muito bem acolhidos e tivemos informações, mas também não havia o kit. A solução foi ir até uma Lan House e imprimir o guia disponibilizado no site do município de Ilha Comprida ( www.ilhacomprida.sp.gov.br) Quem me conhece sabe: não sou ninguém sem mapa impresso, apesar de toda tecnologia.
O percurso abrange o extremo sul do Estado de São Paulo e tem aproximadamente 180 km de extensão . É dividido em 5 trechos entre os municípios de Ilha Comprida, Iguapé, Pariquera-açu, Jacupiranga e Cananéia.
O idealizador do projeto foi biólogo e gestor ambiental William Mendes, apaixonado por ciclismo. No site http://wmmultiambiental.com.br/PERCURSOS/ ele disponibiliza as rotas e altimetrias.
A viagem no circuito pode ser planejada e executada por cada viajante da maneira que lhe for mais conveniente. É possível ser percorrido entre 1 a 5 dias, ou até mais, dependendo do tempo ou da disposição dos viajantes. Nós decidimos fazer em 3 dias de acordo com nossa disponibilidade de tempo.
1 º dia : Ilha Comprida a Pariquera-Açu 58km
O Circuito lagamar tem início na Ilha Comprida, no Espaço Plínio Marcos, . Dali até Iguapé é apenas 6 km de extensão.
O trajeto tem trechos de ciclovias, mas em alguns momentos é necessário pedalar na rua mesmo, mas muito tranquilo. Logo encontramos a ponte “Prefeito Laércio Ribeiro”, e foi só atravessar para chegar a Iguapé.
A Cidade vista da ponte é linda.
Iguapé
é uma das cidades mais antiga do Brasil (lembra muito Tiradentes-MG ou Parati-RJ) , é conhecida nacionalmente pela tradicional Festa do Bom Jesus de Iguapé e pelo famoso Carnaval ( muito bom). A região era o divisor de águas ao sul do Tratado de Tordesilhas, entre Portugal e Espanha, por este motivo pode-se dizer que a cidade nasceu quase junto ao descobrimento do nosso país.
Ciclos do Ouro e do Arroz
A cidade foi palco dos Ciclos do Ouro e do Arroz . Conta-se que nesta época a riqueza era tanta, que as mulheres enfeitavam seus cabelos com ouro em pó. Nesse período ( séc. XVIII) foram construídos os casarões coloniais, hoje tombados como patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Eles dão charme à cidade, mas infelizmente todos muito abandonados e sem preservação.
O prédio foi construído na primeira metade do século XIX por José Carlos de Toledo, um dos homens mais ricos do seu tempo, mas que morreu empobrecido. Após, foi confiscado pela Justiça e em 1879, os herdeiros adquiriram o sobrado do Juízo Municipal de Iguapé. Em 1931, devotos do Bom Jesus, os herdeiros doaram o prédio ao Santuário de Iguapé para que abrigasse romeiros pobres durante as festividades do padroeiro, que hoje é conhecida como a segunda maior festa religiosa do estado de São Paulo. Nesta época o prédio era conhecido como “Sobrado do Santo”. Em 2014 foi apresentado as autoridades um projeto de restauração, , mas pelo que aparece as coisas ainda estão no papel. Triste …
Iguapé realmente remete a história, não é difícil caminhar pela cidade e reviver os tempos áureos do Brasil colonial.
As eiras e beiras nos telhados dos casarões eram um dos símbolos de riqueza das famílias do período colonial. Quem tinha dinheiro construía telhados com eiras e beiras, já os pobres não tinham eira nem beira (daí a expressão). Segundo os moradores com quem conversei essas acima são chamadas de beiras-seveiras e eram utilizadas nas construções religiosas e militares.
Exposição fotógrafa de Nair Benedicto
Ainda em Iguapé fomos privilegiados com uma exposição fotógrafa de Nair Benedicto que acontecia no Museu. A exposição Fé Menina apresenta um retrato da mulher brasileira através de fotos coloridas e em preto e branco. Desde a década de 70, a coletânea mostra a realidade feminina em diferentes situações: prisão, passeatas, aldeias indígenas e no carnaval.Muito linda!!!!!
De Iguapé seguimos por uma ciclovia até chegar a uma passarela de pedestre. Atravessamos e, seguimos em direção a Estrada do Jeirê (estrada de terra).
Estrada do Jeirê
No começo do trecho uma cena nos deixou chocados: um lixão enorme, que pareceu ser clandestino, estava ali poluindo o ecossistema.
Por alguns minutos restos de recipientes plásticos e mal cheirosos nos acompanharam. Mas conforme o tempo passou a cena nada agradável ficou longe dos nossos olhos. Só gostaríamos que ela também ficasse longe da população local e da natureza.
Indignados seguimos e logo a natureza foi se mostrando aos poucos junto com as fazendas de criação de búfalos. O percurso segue por um caminho arenoso, plano e que vai contornando o Rio Ribeira de Iguapé.
Depois de pedalar por cerca de 27 km encontramos o pequeno distrito de Momuna e uma placa indicativa sinalizando a direção.
Há também nessa bifurcação um pequeno bar – um ótimo ponto para se reabastecer de água. Dali a vegetação e o piso começam a mudar, o terreno arenoso dá lugar a terra cascalhada.
O terreno passa a ser ondulado, sem cruzar grandes morros, mas com subidas e descidas suaves.
Alguns quilômetros depois encontramos outra placa de sinalização, mas infelizmente não ajudou.
Estava localizada a mais ou menos 100m antes de uma bifurcação deixou a duvida se seguíssemos a direita ou esquerda. O local estava deserto então nos restou escolher um dos lados.
Escolhemos o lado errado (nem nos lembramos do GPS) – sorte que em três quilômetros à frente encontramos um boteco e perguntamos. Voltamos sem problema. Na direção certa, seguimos por trecho agradável de pedalar, pela mata e com muita sombra.
Quando a estrada de terra acaba o pedal é feito por uma estrada sem acostamento (SP-222), são apenas 8km ,mas foram tão tensos que parecia 80km. Devido ao ferido de carnaval, encontramos uma estrada com tráfego intenso e com motoristas dirigindo em alta velocidade. MUITO PERIGOSO , na minha opinião.
Pariquera – Açu
A chegada a Pariquera – Açu realmente nos deixou aliviados. Seguimos direto para o Hotel do Bi (www.hoteldobi.com.br) onde ficaríamos hospedados.
No dia seguinte seguiríamos por estrada asfaltada e sem acostamento novamente. Seriam 13 quilômetros até Jacupiranga, preocupados com o movimento na estrada que decidimos procurar por um transporte que pudessem nos levar até lá. Fomos até o ponto de táxi e encontramos um senhor que tinha uma carreta para bike. Combinamos com ele para o dia seguindo.
Foi uma decisão acertada o movimento de carro era intensa, estrada com curvas e faixa amarela dupla por quase toda extensão . A segurança deve prevalecer sempre. Acredito que em outras datas seja possível trafegar sem problema.
2 º dia : Pariquera Açu / Jacupiranga / Cananéia
Os primeiros 13 km foram percorridos de carro. Chegamos a Jacupiranga, exploramos a pequena cidade …
…e seguimos agora pedalando na SP-93 , também conhecida como Estrada do Canha, a estrada mais antiga do Brasil . Aberta por Pero Lobo em 1531 a mandado de seu irmão Martim Afonso de Souza , a estrada coincide com a trilha indígena milenar do Peabirú, cheia de lendas e histórias.
Leia mais sobre essa trilha nesse site (http://www.brasilazul.com.br/peabiru.asp).
O percurso todo é tranquilo segue com leves subidas e descidas. Poucos quilômetros antes de chegar a Cananeia há um desvio com sinalização para a cachoeira do Pitu. O local possui uma grande piscina natural e é muito bonito.
Cachoeira do Pitu
A cachoeira fica no Sítio Rio Branquinha – propriedade privada – O proprietário estava cobrando 10 reais para entrar, segundo ele a cobrança é para manter as trilhas.
Saindo do sitio voltamos para a estrada. Pouco depois encontramos placas indicativa do Circuito e seguimos sem problemas até a estrada terminar e chegarmos a uma bifurcação no asfalto.
Sem sinalização ficamos sem saber se iriamos para a direita ou esquerda. Desta vez resolvemos esperar por alguém que nos orientasse. Logo um garoto surgiu e nos ajudou. Dali foi fácil chegar ao Porto para seguir de balsa.
Depois da travessia, é asfalto sem acostamento até Cananeia. Logo depois do portal da cidade é só seguir a avenida por uma ciclovia bem simples e chegar ao centro.
Cananeia
A cidade estava muito animado e colorido devido ao Carnaval. Foi sentar e ver a banda passar!
A cidade é por alguns considerada a cidade mais antiga do Brasil (5 meses antes da fundação de São Vicente). Mas por falta de documentação oficial que comprove tal fato, São Vicente é oficialmente a cidade mais antiga do Brasil. Atualmente, o Centro Histórico de Cananéia ainda preserva os estilos arquitetônicos adotados pelas primeiras casas desde o período colonial até o final do século XIX.
Igreja de São João Batista
Situada na praça central, foi construída em 1577 para servir de fortaleza contra invasores. A parede é espessa e constituída de calcário retirado de conchas e de óleo extraído da gordura de baleias que eram caçadas ao redor da Ilha do Bom Abrigo. Pena que estava fechada.
Casarios, construídos no final do século XVIII e início do século XIX. As paredes das residências eram construídas com pedras, argamassa composta de areia, cal de ostras retiradas dos sambaquis e óleo extraído da baleia.
e o pedal do dia foi assim… com direito a pedalar pela estrada mais antiga do Brasil, cachoeira, travessia de balsa, cerveja gelada vendo a banda passar e um por do sol de tirar o fôlego. O dia se foi e nos também. seguimos para o Hotel Golfinho
( www.golfinhoplazahotel.com.br)onde esperaríamos pelo próximo dia!!!!
3 º dia : Cananéia a Ilha Comprida
do Boqueirão Sul ao Boqueirão Norte
A balsa de Cananéia para Ilha Comprida sai a cada hora cheia nos dias de semana e a cada 30min nos fins de semana. Como estávamos em pleno carnaval a cada trinta minutos havia uma. Bicicletas e pedestres não pagam para atravessar.
A travessia leva cerca de dez minutos e normalmente é bem tranquila . A vista de Cananéia da balsa é linda.
Da balsa até a praia dá um pouco menos de 4km. Depois há um pequeno trecho paralelo a praia ,para finalmente seguir pedalando na areia da praia.
Nós não verificamos o horário da mare, mas demos sorte ela estava baixa. (Não aconselho sair sem verificar tábua de maré, verifique sempre o melhor horário para o pedal.) A areia bem rígida, fez com que o pedal seguisse tranquilo e nem percebemos quando nos aproximamos da vila caiçara de Pedrinhas. Outro fator que nos ajudou foi o vento a favor.
Em Pedrinhas conversando com os locais eles nos aconselharam seguir pela praia, segundo eles com a mare baixa era possível chegar a Boqueirão pela praia. Eles, o dia lindo, a temperatura agradável e a brisa do mar nos convenceram seguir pela praia.
Boqueirão Norte
Próximo ao Boqueirão Norte há presença de casas e pessoas, ainda de forma espalhada.
A presença humana aumenta exponencialmente a medida que o centro da cidade . Mas o trafego de veículos apesar de aumentar é muito pequeno e o pedal é tranquilo até o final.
A praia fervilhava devido ao carnaval, passamos “correndo” e seguimos pela ciclovia até a Oficina de Turismo na rodoviária. Retiramos nossos certificados e seguimos para Iguapé ,onde deixamos nosso caro.
O Brasil tem lugares lindos para pedalar e explorar!!!! O CIRCUITO LAGAMAR É UM DELES!!!!
parabéns Vera!!! Esse circuito está nos meus planos, bjos
Teresa (circuito pracinhas, Itália 2015)
Oi Teresa obrigada pela visita.O blog tem o objetivo de incentivar o cicloturismo uma forma diferente de explorar lugares e que permite uma interação maior.O circuito Lagamar-SP é muito tranquilo.Va e aproveite.Abds
Muito legal. Parabéns. Já foi ao encontro nacional de cicloturismo?
Oi Thiago obrigado!!! O objetivo com o blog é realmente incentivar o cicloturismo.Eu tenho ido no encontro em Campos de Jordão do Clube de Cicloturismo. Abs
Nossa que lindo ótima rota paisagens lindas exelentes fotos relato que vontade que da sair já para pedalar……
Oi Carlos obrigado por visitar o blog.Que bom que gostou.Abs
Uuaaauuu!!!
Primeiramente quero parabenizá-los pelo lindo post, muito bem explicado, está sendo essencial para o meu pedal que farei no fim de semana de aniversário ode São Paulo.
As fotos estão incríveis, e boas dicas de hotéis, tudo perfeito.
PARABÉNS DE VERDADE!!!
Muito obrigado!!!!!! Bom pedal.
Boa tarde, gostei da sua viagem pela ilha comprida, estou pensando em ir com a mi ha filha fazer o circuito lagamar, se possível gostaria de umas dicas como: lugar para deixar o carro estacionado enquando pedalo, se a estrada é segura, pelo wue vi nas fotos é bem tranquilo na parte de terra.. agradeço antecipadamente suas dicas,
Luiz
Olá bom dia, td bem??
Amei seu pedal, somos em 4 amigos e gostariamos de faze-lo no feriado de novembro, gostaria de mais infos sobre hospedagem, estacionamento, custos enfim.
Grata
Priscila Gonçalves
Oi Priscila como vai? o único lugar disponível para deixar o carro gratuitamente é na rodoviária de Ilha Comprida.Outra possibilidade é perguntar nos locais ( informação Turística,padaria etc) por pessoas que costumar alugar garagem . Nos conseguimos deixar o carro na casa de um morador, foi bem barata ( infelizmente não lembro o valor). As acomodações variam de acordo com estilo de viagem, mas em média de 50 a 60 reais por pessoa.Boa viagem!!! Obs : como é feriado é interessante fazer pre-reserva. Você pode usar o blog para pesquisar hotéis. Bjs
Olá, bom dia! Adorei ler sobre a aventura de vcs.. meu marido e eu estamos nos programando pra fazer esse circuito no começo de janeiro.. inicialmente íamos só para a praia mesmo em ilha comprida, mas descobrimos esse roteiro e, amantes de bike que somos, decidimos fazer em 3 dias exatamente igual vcs, e depois curtir a praia mais 3 dias… obrigada por compartilhar a experiência de vcs!
Letícia
Oi Leticia!!!!Bom dia !!! que bom que gostou e que vai fazer a rota. para mim é um prazer compartilhar experiencias. O objetivo é incentivar a clicoviagem. Abs
Vera, parabéns pelo registro! Fizemos esta viajem em 07/09/2018 e 07 pessoas, foi incrível. Os pontos para registros (carimbo no passaporte) eram diferentes ou não tinha mais. Isso foi de menos, pois fizemos uma viajem bacana. Pretendo retornar nos próximos dias aproveitando que as estradas estão mais tranquilas para apresentar o circuito à uma amiga nossa. Valeu!
Obrigado Adriano. E um percurso legal, mas infelizmente tem que melhorar muito a infraestrutura. No Brasil em minha opinião o único percurso que não deixa nada a desejar com relação ao percursos da Europa é o VALE EUROPEU em Santa Catarina.Esse ja fiz duas fez é vale muito a pena. Abs Obrigado
Quando vcs farão novo pedal?
Oi Manowell para o Circuito Lagamar não tenho previsão de volta. Mas realmente e um percurso legal e dá para fazer em um curto período.Abs
muito legal essa viagem
voces tem alguma dica de viagem de bicicleta de iguapé até ilha do cardoso? obrigada!
Parabéns!! Faço caminhadas, mas gostaria de começar a fazer
viagens de bike. Amei sua viagem. Bjks.
Oi Fernanda. Obrigada. Eu também adoro caminhar, mas pedalar e muito prazeroso também. Começa a fazer pequenas viagens e depois você não vai quer parar. Aqui no Brasil eu sempre indico o Vale Europeu para começar ´pois é um dos melhores estruturados que temos. Abs
Ah! Vera quero fazer um pedal com vcs. Sou de Sp capital. Vamos tentar reunir uma galera com vc que tem uma experiência enorme. (?!)
Será um prazer!
bom dia, parabens pela viagem , consegue mandar o arquivo do mapa para ser baixado no gps obrigado wats 11972233333 ou email gustavosavioli2870@hotmail.com obrigado
OI Gustavo boa tarde! Mil desculpas pela demora na resposta.
Infelizmente não tenho. Eu raramente uso GPS para gravar minhas rotas. Infelizmente não tenho muita familiaridade com a tecnologia :). Agora fotografias tenho a cada quilometro percorrido : )
Forte abraço