CICLOTURISMO : COMO ESCOLHER A ROTA 

Apesar de termos cada vez mais informações disponíveis, é difícil saber realmente o que nos espera na estrada em uma viagem de bicicleta. Tudo depende se você está indo para uma rota conhecida ou não, as informações serão mais ou menos difíceis de encontrar!

1.Escolha sua rota

Antes de começar a planejar sua rota, você precisa escolhê-la! Qual destino você pretende seguir? Depois, tudo depende do tempo disponível, da sua acessibilidade, da distância que pretende percorrer e das condições da estrada. Antes de mais nada, você deve saber que as rotas marcadas e sinalizadas são as que possuem mais informações.

No Brasil existem várias delas, as mais tradicionais são o Caminho da Fé, o Vale Europeu e a Estrada Real. Muitas possuem temática religiosa, percorrendo igrejas e santuários, como o Caminho da Fé, o Caminho das Missões, o Caminho de Caravaggio, o Caminho do Mosteiro, o Caminho da Paz, entre outros. Todos seguem o modelo do Caminho de Santiago de Compostela (inclusive as setas amarelas e o passaporte).

Temos várias rotas, se você não sabe muito sobre cada uma delas, não se preocupe! Você pode ver detalhes no blog de uma amiga querida, a Claudia Jack , uma pessoa entusiasmada pelo cicloturismo. Foi ela a responsável pela minha iniciação nas cicloviagens (Relato aqui – Estrada Real).

Além das rotas sinalizadas, temos muitas rotas mapeadas pelo casal Olinto e Rafaela . Eles trabalham na produção de uma série de livros e guias de cicloturismo, com roteiros de viagem de bicicleta detalhadamente mapeados. As rotas são mapeadas, mas não são sinalizadas. É possível adquirir os guias detalhados e explorar o Brasil afora.

Na Europa há uma infinidade de rotas seguras que permitem que você viaje de bicicleta em quase todos os lugares. Do Cabo Norte à Turquia, da ponta de Finistère ao Mar Negro, e ainda há as Rotas sinalizadas da EuroVelo, que permitem viajar de uma ponta à outra por toda a Europa.

É possível descobrir roteiros preestabelecidos por todo lugar do mundo.

2.Obtenha informações sobre a rota escolhida

Para planejar sua rota, você precisará saber informações como:

  • A altitude;
  • A distância a percorrer;
  • As condições do terreno (cascalho, terra, asfalto);
  • O número de lugares a visitar;

A diferença de altitude terá inevitavelmente uma influência na sua viagem, porque você evolui menos em áreas montanhosas e rochosas do que em ciclovias clássicas.  Também é importante considerar a condição do terreno no planejamento de sua rota. Se considerarmos uma rota de cascalho, o ritmo não será o mesmo da estrada. 

Obviamente, se estamos indo para uma viagem longa, fazemos essas considerações um pouco no dia a dia. 

3.Conheça o seu ritmo

Para planejar sua rota, você precisará saber seu ritmo. Dessa forma, poderá saber o quanto você pedala dentro de certos limites de tempo!

Quanto mais você se conhece, mais fácil é planejar uma rota de bicicleta! Se você não se conhece antes de sair, é sempre bom testar suas habilidades em uma pequena viagem, ou mesmo pedalar mais para entender seu ritmo. Assim, você provavelmente será capaz de determinar o número de quilômetros que pode fazer por dia. 

Se você é um grande esportista, facilmente manterá um bom ritmo. Eu já encontrei viajantes de bicicleta que viajam até 160 km por dia! Eu, gosto de admirar a paisagem. Viajar de bicicleta para mim é acima de tudo contemplação. Normalmente, percorro a média de 60 km por dia! Já houve dias em que pedalei 120 km (Patagônia – uma reta interminável com uma paisagem monótona).

4.Planeje com as ferramentas certas

O GPS pensa no mais rápido e no mais curto. O Google Maps em particular. Às vezes ele não se importa se o caminho é acessível de bicicleta ou não. O que pode ser problemático, pois de repente você pode ser levado por estradas inadequadas e excessivamente movimentadas das quais desejará fugir. Eu jamais utilizo-o para planejar ou conferir uma rota.

Meu conselho seria, portanto, preparar a rota que você deseja fazer por meio de aplicativos como o Koomot, Bikemap, Strava, e possivelmente o Maps.me. Eu particularmente não abro mão dos mapas físicos, não por não ter familiaridade com os aplicativos, mas por acreditar que o mapa físico me aproxima mais das pessoas. O aplicativo te dá certeza e o mapa físico as vezes traz dúvidas. Nesse caso eu procuro um morador para perguntar, possibilitando interações que não ocorreriam de outra forma.

5.Seja flexível

Se tem algum conselho que posso dar é: não planeje sua rota de bicicleta com datas rigorosas. Embora saiba que nem sempre isso é viável. Se você for apenas por alguns dias, pode querer reservar acomodações e viajar com pouca bagagem. Mas se for fazer uma viagem longa, é melhor evitar planejar demais o seu itinerário. De bicicleta, os dias são todos diferentes.

Às vezes as estradas são absurdas e o tempo para percorrê-las é interminável. Às vezes, as estradas são menos conservadas e estão cheias de buracos. Noutras você se depara com uma elevação muito maior do que no papel. E às vezes, por uma interpretação errada das sinalizações, acaba indo na direção oposta. Isso aconteceu comigo quando fiz a Via Claudia Augusta (relato aqui).

Você já deve ter entendido: viajar é constantemente enfrentar surpresas. Imprevistos podem acontecer o tempo todo. Não estou falando apenas sobre a qualidade da estrada, sua quilometragem depende se você vai estar cansado ou não. Sem falar na bicicleta, porque basta que haja um problema para perder o dia na oficina.

6.Antecipe uma margem de erro

Ao planejar uma rota de ciclismo, eu sempre assumo que vou fazer mais do que o planejado, principalmente porque adoro explorar todos os desvios. Portanto, adiciono uma margem de 15% a 20% a mais na minha quilometragem. 

Sabia que as distâncias anunciadas no seu GPS ou no site oficial de um percurso raramente correspondem à realidade apresentada pelo seu medidor? Muitas vezes, será necessário adicionar alguns quilômetros para ir ao supermercado ou à algum ponto de interesse.

Gosto de evitar o estresse, então quando preciso planejar minha rota para conseguir uma data de retorno, costumo adicionar cinco dias a mais ao percurso. Principalmente para rotas de longa distância.

Por exemplo, se escolho uma rota de 1300 km. No meu cálculo, adiciono uma margem de erro de 20%, o que dá aproximadamente 1560 km.

Eu divido esse total por 60 (60 km por dia, mesmo que tenha feito mais). Então isso nos dá 26 dias de ciclismo. Acrescento a isso dois dias de folga por semana, dois dias na cidade de início da rota e dois dias na cidade de chegada. Isso me dá um total de 38 dias de viagem.

7.Não negligencie os dias de descanso

O descanso é extremamente importante quando se viaja de bicicleta. Planeje os dias em que você não fará muito. Aproveite para fazer a manutenção de bicicletas e outras coisas divertidas. Às vezes, você também precisará simplesmente não fazer nada. 

Se você estiver viajando por menos de três semanas, precisará de menos descanso. Viajando de bicicleta, você se sente melhor, em ótima forma. Mas eventualmente o cansaço nos alcança. Isso ao menos permite que desfrutemos de mais tempo para apreciar a paisagem. Tudo depende do seu condicionamento físico, da sua forma de viajar, dos seus desejos, do seu cansaço e dos imprevistos que vai enfrentar.

8.Viaje devagar, contemple

A menos que você queira enfrentar um desafio físico, a vantagem de planejar a rota para viagens de bicicleta é que nos dá pouca margem para estresse em caso de compromissos ou de prazos a seguir.

Se estivermos adiantados na programação, há sempre desvios a fazer, oportunidades a aproveitar e lugares a visitar. E se houver tédio, cansaço ou intempéries, nada impede pegar um trem ou uma carona, pular uma etapa, seguir uma nova rota ou fazer um grande desvio. Foi o que fiz durante minha viagem para Via Claudia Augusta. Planejamos um itinerário tão amplo que fizemos desvios adicionais e eles foram muito enriquecedores.