DESERTO DO ATACAMA
Pedalar no Deserto do Atacama, no Chile, um dos lugares mais secos do mundo, a 2.400 metros de altitude, onde a amplitude térmica garante calor intenso durante o dia e temperatura gélida à noite, foi uma experiencia incrível!
Como chegar no Deserto do Atacama
Para chegar ao Deserto do Atacama saímos de São Paulo com destino a Santiago, capital do Chile, fizemos uma conexão e pegamos outro voo para Calama, com duração de 1 hora e 45 minutos. O visual pela janela do avião é lindo. Por fim, contratamos um serviço de transfer no aeroporto de Calama que nos deixou em San Pedro do Atacama que é a cidade que serve como base para a exploração do deserto. O percurso de pouco mais de 80 quilômetros é feito em 1 hora e 30 minutos. Os hotéis oferecem transfer para esse percurso. No aeroporto também tem muitas agências oferecendo esse serviço.
O Ponto de partida
San Pedro de Atacama é mais um vilarejo do que uma cidade propriamente dita um vilarejo. Fica próximo à Cordilheira dos Andes, vizinho à Bolívia. A deslumbrante paisagem que a circunda inclui deserto, salinas, vulcões, géiseres e fontes termais
Alguns lagos abastecem a região de água o ano inteiro. Isso explica a presença da vegetação. Canais de irrigação ajudam na distribuição da água pelo vilarejo de ruas estreitas, chão de terra batida e pequenas casas de adobe. Pelas vielas empoeiradas, uma gente simples com traços indígenas se mistura a turistas do mundo todo.
As casas têm apenas um andar e são feitas de uma mistura de barro com palha há séculos. Como quase não chove no deserto, pela dificuldade que as nuvens têm de ultrapassar as cordilheiras que o cercam, a durabilidade dos materiais de construção é grande, mesmo que pareçam frágeis.
Uma coisa que me comoveu muito foi ver as ruas repletas de cachorros que parecem abandonados. São tantos e alguns lindos que comecei a duvidar se eles eram cães abandonados. Ao ser questionado um morador local me disse que grande maioria deles tem donos e que na verdade por lá eles vivem livres e soltos e que a noite sempre tem para onde retornar. Enfim espero que ele não tenha dito isso só para me consolar.
A bike
Há várias agências que alugam bikes boas e bem cuidadas no centro. O aluguel sai a partir de 3 mil pesos chilenos (R$ 15) o período de 4 horas a 7 mil pesos (R$ 30) o dia todo. nós alugamos por dois dias. O problema (para mim, claro) é que as bikes por lá não tem bagageiro, então é necessário levar mochila nas costas. O que para mim é um grande desconforto, principalmente porque é indispensável levar muita água e alimentos, pois no caminho não há infraestrutura. É importantíssimo também levar agasalho, pois frio e calor fazem parte do dia a dia. Para se ter ideia, as temperaturas no deserto variam de -17ºC até 40ºC.
Também é fundamental não esquecer que estamos a mais de 2.400 metros de altitude e que a menor pressão atmosférica reduz a disponibilidade de oxigênio, então a respiração e os batimentos cardíacos ficam mais acelerados e a sensação de cansaço bate mais rápido.Portanto planejar pedaladas curtas. Nós exploramos a região em dois dias: primeiro dia Pukara de Quitor e Valle de la Muerte e depois Valle de la Luna
O mapa
O percurso
Estávamos em dois ciclistas – eu e meu esposo. Saímos do centrinho de San Pedro de Atacama, pegando uma via de terra batida plana que segue o leito do rio batizado com o mesmo nome da cidade. No percurso a vista do vulcão Licancabur, com seus mais de 5.900 metros na fronteira com a Bolívia, é uma constante.
O primeiro ponto de parada foi em Pukara de Quitor, sítio arqueológico pré-colombiano do século 12 construído por povos nativos e posteriormente habitado pelos incas.
Continuamos pedalando na mesma estrada. Sempre na estrada principal, de terra batida, agora seguindo para o Valle de la Muerte
Por que Valle de La Muerte? Os locais contam que era para ser chamado de Valle de Marte. Uma versão conta que quem sugeriu o nome foi um cientista francês. Ele achou o lugar muito parecido com as imagens do planeta Marte e quis colocar o nome de Valle de Marte, mas como não falava muito bem o espanhol, as pessoas entenderam que era o Valle de la Muerte. E assim ficou.
Seguimos pedalando por uma estrada cercada por paredões com mais de 10 metros e tons indescritíveis. Formação geológica impressionante, esculpida há 23 milhões de anos pela erosão eólica e fluvial, numa mistura de rocha, sal, argila.
Em algumas áreas, é permitido andar por entre essas grandes formações arenosas. Fizemos algumas paradas e continuamos até chegar as dunas do Vale da Morte.
Lá encontramos várias pessoas praticando sandboard. Descansamos um pouco enquanto apreciávamos as manobras radicais do pessoal. Dali retornamos a San Pedro do Atacama.
No dia seguinte…
Valle de la Luna
Uma paisagem lunar, como indica seu nome.
A paisagem e as formações rochosas de origem tectônica, moldada por milhões de anos por erosões fluviais e eólicas, lembram a superfície da lua. Enquanto não dá para viajar a lua, você pode ter uma experiência de ver uma paisagem similar bem pertinho de San Pedro de Atacama.
Cordilheira do Sal
Nossa primeira parada dentro do parque do Valle de la Luna foi na Cordilheira do Sal. Nesse pequeno trajeto já dá para perceber que a paisagem impressiona, com os paredões e sua cor marrom avermelhado.
Deixamos as bikes e fomos caminhando. No chão sentimos uma areia fofa, como de praia, que nos fazia andar mais devagar e apreciar tudo ao nosso redor. Andamos mais um pouco e chegamos na entrada da Caverna de Sal.
No começo o caminho parecia tranquilo, como um caminho cheio de curvas planas. Mas aos poucos foi ficando mais apertado e difícil passar pelos paredões sem contorcionismo.
Depois de passear por entre os cânions próximos à Caverna de Sal, voltamos para as bikes e seguimos pedalando.
De volta para San Pedro do Atacama….
Laguna Cejar
Outra ótima opção de pedal é até a Laguna Cejar, distante 25 km de San Pedro. Esse pedal não tem segredos, pois é quase todo feito em estrada, com placas indicativas. A chegada é na lagoa, onde a concentração de sal é tão alta que o corpo não afunda de jeito nenhum (como no mar morto). Vale a pena!
O Deserto do Atacama não tem nenhuma monotonia. Apesar da tremenda aridez, sua geografia é muito especial.
Um pedal inesquecível num lugar onde tudo é superlativo — muito alto, muito seco, muito frio, muito quente e, claro, muito bonito.
Fascinante, estou encantada com tanta viagem de Bike ,será que consegueria fazer algo parecido,hoje estou com 50 anis ,uma Bike e quase não pedalo
Oi Marta, como vai? Claro que consegue eu consegui :)
Tem que começar devagar. Comece com viagens curtas , ou alguns pedais próximos da sua cidade.
Depois e só seguir em frente.
Forte abraço.
Que conteúdo bacana!! Parabéns e siga pedalando e nos contando! Abraço!!
Olá Vera,
Como vai?
Primeiramente, parabens pelas linda postagem sobre o deserto do Atacama.
Sou Eduardo, tenho um grupo de amigos que juntos gostaríamos de pedalar no deserto do atacama. Será que podemos conversar para coletar algumas dicas, tirar dúvidas. Atualmente somos um grupo em São Paulo denominado Pedal Brothers and Sisters.
Obrigado
Oi Eduardo estou a disposição.