EuroVelo 12 : LF Kustroute – Costa Holandesa
A EuroVelo 12 é a segunda etapa do percurso que intitulei como o meu Grand Tour Europa 2022.(a primeira pode ser lida aqui).
A rota
A EuroVelo 12 passa por oito países: Noruega, Suécia, Dinamarca, Alemanha, Holanda, Bélgica, França e Reino Unido. Apesar de fazer fronteira com o mesmo mar, os terrenos que compõem o percurso são bastante variados, alguns estão abaixo do nível do mar (na Holanda), outros são falésias de até 300 metros de altura (na Noruega). Passando pela Escócia; por ciclovias bem conservadas da Dinamarca; e por cidades portuárias milenares como Gotemburgo (Suécia) e Hamburgo (Alemanha). Espere ser agradavelmente surpreendido ao longo desta popular rota de bicicleta com cerca de 7.050 km de extensão. Durante a rota são necessárias várias travessias por balsa, por isso é importante lembrar de verificar os itinerários!
O trecho que percorri na EuroVelo 12
Comecei minha viagem na Holanda, seguindo para Bélgica, França e Reino Unido.
Na Holanda, a Rota do Ciclo do Mar do Norte segue a LF Kustroute (Rota Costeira). Uma rota com 610 km de extensão, com início em Bad Nieuweschans e término em Cadzand-Bad. Passa por trechos de dunas ao longo da costa holandesa e das ilhas da Holanda do Sul e da Zelândia. No caminho, é possível visitar algumas cidades históricas. Ao longo da costa de Wadden, a rota percorre uma das partes mais tranquilas e menos densamente povoadas da Holanda, com várias aldeias e cidades autênticas.
Iniciei minha trajetória em Amsterdam, continuando para oeste, cruzei a fronteira com a Bélgica. A rota neste país é feita pela estrada costeira, com 90 km de extensão, é uma das rotas icônicas da Flandres.
Logo depois da fronteira o percurso segue pelo parque natural Zwin em Knokke-Heist, também conhecido como “o aeroporto internacional das aves”. Em seguida, continua para Oostende, conhecida por sua longa praia e calçadão, seguindo para La Panne.
O trecho francês é ainda mais curto e segue o mesmo itinerário da EuroVelo 4 – Rota da Europa Central, vai da fronteira belga até Calais. Para seguir na EuroVelo 12 é necessário pegar uma balsa para o Reino Unido. Desembarcando em Dover (Inglaterra) a rota segue, inicialmente, pelo interior de Kent, passando por Canterbury, e depois para Londres. O ciclismo na capital é muito desenvolvido e não haverá problemas para atravessá-la.
De Londres o percurso segue por Essex, passando por Colchester, Scarborough e Berwick-upon-Tweed, para depois adentrar a Escócia. Neste ponto, a EuroVelo 12 afasta-se um pouco da costa para visitar Edimburgo.
Meu ponto de partida
Amsterdam
Depois de descansar alguns dias em Hoek van Holland, onde havia concluído a EuroVelo 15, segui de trem até Amsterdam. Uma viagem que durou aproximadamente duas horas. O custo da passagem foi 17 euros e para transportar a bicicleta foi necessário pagar mais 8 euros. Os vagões possuem espaços limitados, é conveniente reservar sua passagem antecipadamente.
Amsterdam é uma cidade incrível e vale a pena ficar pelo menos dois dias por lá. A cidade tem quase 1.000 anos, possui uma impressionante variedade de arquitetura medieval, renascentista e moderna. Edifícios de cada uma dessas épocas estão localizados em toda a cidade. Explorar cada canto é uma delícia.
- Rijksmuseum
- Canal Singel
Sem contar que a arte contemporânea e moderna é excepcionalmente representada por lá. São vários museus para visitar, entre eles o de Anne Frank, que fica no local onde ela e sua família se esconderam durante a Segunda Guerra Mundial; o Museu Vincent van Gogh; o Rijksmuseum, etc. Enfim, vale a pena reservar dois ou mais dias e explorar a cidade.
“Se alguém realmente ama a natureza, encontra beleza em todos os lugares.” – Vincent van Gogh para seu irmão Theo, 30 de abril de 1874.
O percurso
A paisagem é muito variada. Mais ou menos 70% do percurso é feito por asfalto e 30% em caminhos naturais. Na Inglaterra, muitas linhas ferroviárias em desuso foram convertidas em vias verdes. São trechos belíssimos.
Sinalização
Na Holanda a sinalização da EuroVelo 12 segue ao lado da LF Kustroute, é simples e clara: todo o percurso está sinalizado nos dois sentidos. A direção a ser seguida está indicada na borda inferior dos sinais: Cadzand-Bad – Bad Nieuweschans ou Bad Nieuweschans – Cadzand-Bad.
Na França a sinalização está em uma placa branca contornada de verde, com uma bicicleta verde desenhada e segue junto com a EuroVelo 4 – La Vélomaritime.
No Reino Unido a EuroVelo 12 segue a National Cycle Network 1 longo da costa leste.
Os sinais mostram o caminho. Mas é sempre bom levar um mapa atualizado para orientação. O guia de ciclismo LF Kustroute oferece mapas úteis .
Hospedagem
Na Holanda, há o que eles chamam de Fietsers Welkom! Hospedagens onde o ciclista é bem-vindo. Além de atender às necessidades dos ciclistas, a recepção é calorosa, mesmo quando tiver um pneu furado ou chegar todo suado. É possível reconhecer essas hospedagens pelo sinal – Fietsers Welkom! –, logo à frente dos edifícios.
Incluem hotéis, Bed & Breakfasts, hostels , albergues e acampamentos naturais.
Na França, o projeto Accueil Vélo garante ao ciclista: estar a menos de 5 km de uma ciclovia; ter equipamento adaptado; abrigo seguro para bicicletas e kit de reparação. Alguns lugares oferecem serviços como transferência de bagagem, lavagem e secagem de roupa, aluguel de bicicletas, lavagem de bicicletas, entre outros. Os locais são sinalizados com placa logo à frente dos edifícios.
Na Inglaterra uso muito a rede de albergues YHA – Youth Hostels Association , são mais de 150 albergues e 45 acampamentos com acomodações únicas e acessíveis em locais incríveis.
Minha viagem
Etapa 1: Amsterdam a Haarlem (24,67 km)
Deixei a cidade logo pela manhã, seguindo a sinalização local com destino a Haarlem. A cidade é muito bem-sinalizada e não tive nenhuma dificuldade de encontrar a saída do centro para fora do perímetro urbano. Mas é preciso atenção, a área entre Amsterdam e Haarlem é uma das mais movimentadas da Holanda, com subúrbios, áreas industriais e rodovias.
Eu segui as placas via Halfweg e Haarlemmerliede e cheguei à Ciclovia das Dunas de Haarlem. Esta rota passa por pôlderes típicos holandeses – áreas originalmente submersas pelo mar que foram transformadas em campos cultiváveis graças a gigantescos diques.
Foi um trecho curto e muito agradável. Logo estava em Haarlem, definitivamente um lugar encantador. A cidade abriga pátios escondidos de épocas passadas, mestres holandeses e uma bela igreja medieval – a Grote of St. Bavokerk, com uma torre de madeira (coberta de chumbo) de 78 metros. O seu interior é muito bonito, com um teto de madeira impressionante, vários vitrais e o impressionante órgão Muller, com seus 30 metros. Neste órgão já tocou Mozart.
Etapa 2: Haarlem a Haia (64,71 km)
Passando por Zandvoort, Noordwijk e Katwijk.
Deixar a cidade de Haarlem não foi uma tarefa fácil, o lugar me conquistou. Mas, depois de dois dias ali, segui pedalando. Pouco depois da pequena cidade, a rota segue pela borda interna das dunas do Parque Nacional Zuid-Kennemerland . Um cenário caracterizado por dunas antigas, praias, florestas densas e uma série de propriedades majestosas.
Zandvoort
Logo cheguei em Zandvoort, uma cidade balneária que faz fronteira com as dunas costeiras do Parque Nacional Zuid-Kennemerland e a Reserva Natural Amsterdamse Waterleidingduinen . O nome dessa reserva, que se traduz literalmente como “Dunas de Abastecimento de Água de Amsterdã”, refere-se ao fato de que a areia das dunas filtra água potável para a região desde 1853.
Dali segui por uma estrada pavimentada entre as dunas, desfrutando de uma paisagem em que a combinação de florestas e matagais, montes de areia, vales pantanosos e planícies secas dava um ar de muita tranquilidade. E fazia com que o ritmo do pedal avançasse também com leveza, até chegar em Noordwijk.
Noordwijk
A cidade tem a grandeza de um balneário moderno, onde tudo é grande, alto e novo. Ao longo do Koningin Astridboulevard (uma grande avenida), no lado sul da cidade, há lugares agradáveis para um lanche ou para simplesmente se sentar em um barzinho e contemplar o movimento. Fiz uma breve parada e segui em frente.
Katwijk
O próximo destino foi Katwijk, uma estância balneária popular entre os turistas alemães em particular. Foi o que descobri sentada em um barzinho à beira-mar. Com uma praia de areia muito ampla, o movimento de turistas era alto. Estávamos no verão.
A pequena cidade, apesar de nunca ter tido o seu próprio porto marítimo, no seu apogeu tinha a maior frota pesqueira da Holanda. Até o início do século XX as barcaças simplesmente atracavam na praia. Mais tarde, os barcos de pesca Katwijk foram ancorados em IJmuiden e em Scheveningen.
O monumento construído em 2005 contém quase 300 nomes, esculpidos em aço, dos homens que não voltaram do mar nos últimos cem anos.
Deixando Katwijk para trás, segui pedalando até o destino do dia, Haia. Mas, antes passei por mais uma reserva natural : Meijendel
Embora a província da Holanda do Sul esteja entre as regiões mais densamente povoadas do mundo, segui pedalando por ali em relativa paz através de uma paisagem de dunas fascinante, na direção de Scheveningen.
Haia ( Den Haag, em holandês)
É uma das cidades mais famosas do país. Ela tem uma população de meio milhão de pessoas e é a terceira cidade mais populosa da Holanda. Nela está a sede do governo federal, uma série de bairros históricos, vários monumentos, atrações e, além disso, ela desfruta de uma grande proximidade com a costa do Mar do Norte.
- Palácio Real
Etapa 3: Haia a Brielle (73,17 km)
Passando por Kijkduin, Ter Heijde, Monster, Hoek van Holland, Maassluis e Rozenburg.
Os dias quentes de verão fizeram com que eu encontrasse muitos ciclistas pelo caminho.São muitos quilômetros de praias e belas travessias de dunas. Poucos quilômetros depois do centro de Haia, já estava na praia – Strand Kijkduin, um lugar com uma grande faixa de areia.
Seguindo pela costa, não muito longe de Kijkduin, me deparei com uma península artificial – O Sand Motor (Zandmotor) feita de nada menos que 21,5 milhões de m3 de areia do mar. Sob a influência do vento, das ondas e das correntes, o areal da praia estende-se gradualmente ao longo da costa. Esta gigantesca caixa de areia incorpora os fatores naturais para contribuir com a manutenção costeira, espalhando a areia ao longo da costa de Delfland, entre Hoek van Holland e Scheveningen.
Dezenas de pesquisadores de várias universidades e institutos de conhecimento acompanham de perto o desenvolvimento do Sand Motor desde sua construção. É impressionante ver o que os holandeses fazem por lá. Essa península foi só a primeira de muitas engenharias interessantes que eu avistaria pela frente.
Dali segui pedalando, no caminho passei por Westland, cidade conhecida por sua horticultura em estufas e pelo brilho laranja que ilumina o céu à noite, produzido pelas luzes nas estufas. Nelas cultiva-se hortaliças, frutas e flores cortadas. Por causa das muitas estufas, a região é apelidada de “Cidade de Vidro”.
Alguns quilômetros depois, já estava em Hoek van Holland. Minha passagem pela cidade foi rápida e sem paradas, pois havia estado ali dias antes quando finalizei a EuroVelo 15.
Hoek van Holland
De lá eu deveria pegar a balsa e seguir para Rockanje, para dar sequência a viagem. Mas, um mal-entendido na hora de comprar o ticket fez com que a garota do caixa me mandasse para outro porto. Assim, segui para Maassluis e atravessei para Rozenburg.
Uma vez fora do ferry, parti novamente pedalando ao longo de ciclovias longas e de alta qualidade através de propriedades industriais imaculadas e depois – de forma bastante abrupta – por campos verdes frondosos. Acho que a região por onde pedalei nesse dia é habitada por pessoas “poderosas”, pois as casas são imaculadas, os gramados bem cuidados.
Avancei até chegar à próxima cidade – Brielle – onde decidi dar por encerrado o dia, estava cansada demais (havia percorrido 73 km) para voltar à rota original.
Brielle
Uma das cidades fortificadas mais bem preservadas da Holanda. Com mais de quatrocentos monumentos, há muito para ver! Brielle desempenhou um papel importante na história holandesa: durante a Guerra dos Oitenta Anos, contra os espanhóis, foi a primeira cidade a ser libertada.
Etapa 4: Brielle a Westenschouwen ( 83,2 km)
Passando por Oostvoorne, Rockanje, Goedereede, Brouwersdam e Niew-Haamstede.
De Brielle, segui em direção a Oostvoorne pedalando ora por reservas arborizadas, ora ao lado de grandes dunas.
Ultrapassei Rockanje e segui pedalando até Goedereede, uma pequena cidade. O lugar é encantador, decidi fazer uma longa parada ali, explorando cada cantinho.
Nesse trecho há muitos quilômetros de praias e belas travessias de dunas.
Só em Ouddorp – minha próxima parada –, há cerca de 16 travessias que dão acesso à praia. Às vezes parava, estacionava a bicicleta e ia dar uma olhada no mar de perto. Uma palavra que aprendi em holandês: strand, significa praia. Foram tantas as vezes que encontrei essa palavra, que não vou esquecer tão cedo.
O Brouwersdam
Uma outra passagem interessante no percurso: o Brouwersdam – uma barragem de 6,5 km de extensão que protege da maré alta e das ondas fortes do mar. Ela separa o maior lago de água salgada da Europa Ocidental, o Grevelingenmeer, do Mar do Norte e foi construída entre 1962 e 1971.
Pedalando por essa região, só pensava nas muitas histórias de desastres de pequenas e grandes inundações que a Holanda sofreu ao longo dos séculos. Cheguei à conclusão de que a Holanda é realmente um grande projeto de engenharia. A rota é tomada por barragens e diques da costa oeste. Eu não conseguia descobrir se as barreiras sobre as quais pedalava eram represas ou diques, pois embora a maioria separasse o mar da terra, a própria terra estava cheia de grandes lagos. Extasiada com mais uma grande obra de engenharia, segui em frente.
Segui pedalando até Haamstede ao lado de Burgh, as duas cidades cresceram juntas no decorrer do século passado. São as chamadas “aldeias do anel da igreja”, pois seus moradores construíram suas casas em forma de anel ao redor dela.
Dali sigo pedalamos pela reserva natural Kop van Schouwen, a maior floresta da Zelândia, a floresta de Westenschouwen, até chegar ao centrinho da pequena vila, destino do dia.
As praias de Westenschouwen são amplas e têm vista para Oosterscheldekering – outra obra de engenharia incrível! Do lado da terra fica Boswachterij Westerschouwen. O mar aqui faz parte da “Voordelta”. Uma reserva natural protegida, com muitos pássaros, peixes e focas (outra coisa fantástica ao longo da rota – o número de reservas naturais).
Etapa 5: Westenschouwen a Vlissingen (59,43)
Passando por Breezand, Vroonweg, Domburg, Zoutelande e Dishoek.
Assim que deixei Westenschouwen, passei por uma incrível obra de engenharia, eu diria mais, uma grande obra de arte – Oosterscheldekering a estrutura de retenção de água mais impressionante da Holanda, com 9 km de extensão. O risco de inundações foi reduzido para uma vez a cada 4.000 anos por esta barreira. Além disso, ela não precisará ser substituída nos próximos duzentos anos. Eu parei várias vezes para contemplar tamanha façanha da engenharia.

A exposição fotográfica ‘Depois de nós, a inundação’, do premiado fotojornalista Kadir van Lohuizen, pode ser vista de 26 de julho a 25 de agosto de 2022, perto do Topshuis, no Oosterscheldekering.
A inundação do Mar do Norte em 1953, que custou a vida de muitas pessoas na Zelândia, foi o motivo para a construção do mais extenso Plano Delta de todos os tempos, para oferecer à Holanda melhor proteção contra inundações. Esses são exemplos de como os políticos holandeses parecem colocar as pessoas no centro de suas missões de vida. Admirável!
Depois de um longo tempo ali, segui pedalando novamente ao lado da costa, passando por praias e dunas.
Minha próxima parada foi em Domburg, a estância balnear mais antiga de Walcheren. Ela já foi uma colônia de artistas, frequentada por pintores como Jan Toorop e Piet Mondrian, e pelo poeta JC van Schagen.
De Domburg segui pedalando. É de tirar o fôlego a quantidade de boas ciclovias e a qualidade das infraestruturas que as suportam (prioridade nas rotatórias, semáforos para ciclistas, sinalização, etc.). Os holandeses investem muito no ciclismo.
Continuei pedalando e admirando até chegar ao destino do dia –
Vlissingen.
A cidade começou como uma vila de pescadores no final do século VII. Por causa de sua localização estratégica, passou a fazer parte da Muralha do Atlântico Alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Cerca de um quarto de Vlissingen foi destruída por bombardeios aliados. Ao longo da costa, parte das defesas outrora extensas foram preservadas.
Etapa 6: Vlissingen (Holanda) a De Haan (Bélgica) – 70,02 km
Passando por Breskens, Nieuwullet-bad , Knokke-Heist , Blankenberge
Deixei o centro de Vlissingen e segui em direção ao porto. Onde foi necessário pegar a balsa em direção à Breskens. De lá, segui pela costa do Mar do Norte pedalando em direção à praia.
O percurso, novamente agradável, avança até Cadzand-Bad – a última cidade da Holanda, antes de atravessar a fronteira para a Bélgica. E foi justamente depois de Cadzand-Bad que passei por um trecho indescritível – o Zwin Nature Park. O parque abrange mais de 300 hectares, incluindo cinco hectares de ilhas de criação de aves, dez piscinas de rãs e quatro miradouros. Um deles marca o fim do percurso, bem na fronteira belga, último trecho de excepcional natureza litorânea na Holanda.
- na holanda o capacete não é obrigatório
O trecho na Holanda chega ao fim, mas a viagem continua, agora pela Bélgica. A primeira cidade em que parei na Bélgica foi Knokke-Heist, um lugar com muitas mansões de palha e gramados bem cuidados.
De Knokke-Heist segui pedalando sempre pela costa e atravessando várias cidades turísticas abarrotadas de gente. Na maioria das vezes, a ciclovia me levava por uma ampla esplanada em frente aos prédios de apartamentos altos, uma característica quase constante na paisagem. Passar pelos grandes calçadões (onde estavam as sinalizações) foi um transtorno (por conta da alta temporada). Pelo caminho era necessário desviar de crianças e jovens com triciclos e muitos pedestres. Algumas vezes saía da rota, mas sem as sinalizações me sentia insegura. E voltava.
E assim foi até chegar ao destino do dia – De Haan.
Etapa 7: De Haan (Bélgica) a Dunkirk (França) ( 95,12 km)
Passando Oostende , Middelkerke, Nieuwpoort , La Panne
A ciclovia do Mar do Norte atravessa a Bélgica pela rota costeira. Depois de deixar De Haan, a rota segue em direção à Oostende, conhecida por sua longa praia e calçadão, seguindo para La Panne. A ideia era ficar em Oostende, mas por conta dos preços altos de hospedagem (definitivamente agosto não é a melhor época para visitar), segui pedalando até Dunkirk, na França.
Festival Beaufort
Uma das coisas que me impressionaram na Costa da Bélgica, diferente de outras por onde passei, foi a arte contemporânea. Desde 2003, as praias e cidades litorâneas são palco de um grande festival chamado Beaufort, que acontece a cada três anos. Grandes artistas têm suas obras expostas entre dunas e píeres. A ideia veio de Willy Van den Bussche, diretor do Museu de Arte Moderna de Oostende . A ideia agradou tanto que algumas comunidades costeiras compraram as obras, transformando-as exposições de temporárias em permanentes: assim nasceu o Parque Permanente de Esculturas de Beaufort, hoje composto por 30 obras expostas em edições anteriores. Tive o privilégio de ver algumas.
- Olnetop – Nick Ervinck (Middelkerke – Westende)
- I can hear it – Ivars Drulle (Middelkerke – Westende)
- Le vent souffle où il veut – Daniel Buren ( Nieuwpoort)
- Caterpillar 5bis – Wim Delvoye (Middelkerke – Westende)
O trecho final
Na parte belga da rota era realmente bastante rural e me levou ao longo de um canal, antes de virar à direita e ao norte ao longo da própria fronteira. Ao chegar a uma estrada principal, o sinal EuroVelo12 dizia: “Finish”. Fiquei preocupada que eu pudesse ter problemas para reencontrar as placas no lado francês da fronteira. Havia uma placa dizendo “França” ao longo da estrada onde eu estava, então atravessei e logo vi uma pequena entrada que estava sinalizada como EuroVelo 12. Uma vez de volta à bicicleta, continuei pedalando.
Foi bem-sinalizado todo o caminho para Dunkirk e foi um agradável passeio até chegar ao meu destino do dia.
Dunkirk é outra cidade em que vale a pena ficar pelo menos dois dias. Há muito o que explorar.
A famosa cidade corsária de Jean Bart alberga um patrimônio marítimo essencial, nomeadamente com o seu Museu do Porto e os três mestres Duquesa-Anne. Não deixe de visitar o Museu Dunquerque 1940 – Operação Dínamo e, claro, os campanários da cidade listados como Patrimônio Mundial pela UNESCO.
- Église Saint – Éloi
DunKirk Town Hall ( Câmara Municipal)
Etapa 8: Dunkirk a Dover (38,34 km)
Meu trecho pela França foi muito curto. Deixei a cidade de Dunkirk em direção a Calais (bem, esse era o plano). Na cidade a ciclovia surpreende pela qualidade, mas assim que me afastei do centro tive muitos problemas: nenhum sinal a seguir, eu não tinha um mapa físico e o GPS me mandava para uma estrada (D061) com intenso movimento e sem acostamento. Comecei a ficar preocupada. Então, entrei na primeira cidade que encontrei no caminho – Grande-Synthe, distante apenas 6 km.
Chegando na cidade, vivi o meu pior momento da viagem: em uma cidade vazia , policiais cercaram dois jovens, que correram feito loucos em minha direção, confesso que tive medo. Depois desse episódio a insegurança bateu forte.
E para todos que eu perguntava sobre o percurso a resposta era a mesma: seguir pela estrada. No caminho ao redor da cidade vi muitos sinais de vandalismo; por exemplo, carrinhos de supermercado jogados na estrada. Ainda inconformada com o fato de não encontrar nenhuma sinalização e estar em uma estrada principal, segui apreensiva.
No trajeto encontrei um jovem e mais uma vez tentei descobrir uma rota sinalizada. Podia ser qualquer rota, desde que sinalizada para o ciclista. Ele não sabia. Depois de pedalar em círculos tentando achar uma placa, finalmente encontrei uma e a segui. Mas o problema ainda não estava resolvido, a sinalização me levou para uma estrada em construção e sem saída. Voltei e novamente estava na estrada. Resignada, pedalei até a cidade de Loon Plage. Cheguei aliviada, parei mais uma pessoa e perguntei pela rota. Ele me indicou uma.
Loon Plage
Sim, havia uma rota! Pedalei um bom trecho com sinalização para ciclista; mas, novamente, para seguir para Calais, a sinalização me colocou na estrada principal. Decidi retornar e para minha surpresa encontrei uma bela e bem-sinalizada ciclovia que indicava o caminho para um Porto. Eu já havia pedalado mais de 30 km. Estava exausta e tensa , decidi seguir até o porto e me certificar se havia algum ferry para Dover. Sim, havia! Finalmente! O Porto em questão era o porto de Durkirk, distante apenas 17 km.
Pois é, havia um Porto em Durkirk, mas minha rota original consistia em seguir até Calais e lá sim, pegar o ferry para Dover, e eu queria muito manter o percurso planejado. Eu pedalei 38,4 km. Olha a volta que dei!!! Errei feio nesse dia. Abandonei a ideia de seguir para Calais, destino do dia, e segui do porto Durkirk , direto de ferry até Dover.
Aliviada e no conforto do ferry, tomei uma cerveja gelada, foi mais que merecida. Foi um dia tenso.
Destaque em Dover
Castelo de Dover : A fortaleza mais importante da Inglaterra. Vale a pena explorá-lo.
Meus planos na Inglaterra mudaram…
Em Dover fiquei por dois dias. O plano inicial era partir dali e seguir literalmente a rota EuroVelo 12, sem desvios. Mas uma série de questões passaram por minha cabeça. Eu já havia pedalado por Londres e pela região leste da Inglaterra ; a meteorologia previa chuva para os dias seguintes (nenhuma novidade, estávamos na Inglaterra); e eu já estava na estrada há 55 dias, com 36 dia efetivos de pedal (sim, estava cansada).
A primeira questão: era mesmo necessário repetir um trajeto já explorado? E pedalar com tempo chuvoso, havia necessidade? Decidi pular o trecho já conhecido e seguir de trem de Dover até Edimburgo. Sim, faria o caminho inverso de Edimburgo, seguiria descendo a rota.
E assim, foi. Um trem me levou de Dover a Edimburgo. Cheguei na cidade e chovia muito. A previsão de chuva continuava para a semana toda. Então decidi ficar por ali até o tempo melhorar. Mas, no quarto dia de espera, a chuva persistia, então desisti. E mais uma vez mudei de plano. Decidi seguir de trem e não pedalar até Berwick-upon-Tweed (a próxima cidade da rota). Fiquei um dia lá.
A hospedagem na região era muito cara, um fator que me levava a seguir em frente. No dia seguinte, como a chuva continuava, segui de trem até Tynemouth, cidade seguinte da rota. E finalmente, depois de muita chuva, o dia amanheceu claro e o tempo prometia sol. Feliz, retomei minha pedalada, seis dias depois.
Tynemouth a Newcastle Upon Tyne 20,92 km
Newcastle Upon Tyne a Sunderland 42,64
Sunderland a Middesbrough 73,44 km
Em Middesbrough o tempo chuvoso voltou. E eu não aprecio viajar pedalando em baixo de chuva. Sabia que na Inglaterra o tempo muda toda hora, é fato. Mas acredito que o tempo de estrada e o cansaço fizeram com que eu tomasse uma decisão: parar e quem sabe voltar em uma outra época para fazer apenas a EuroVelo 12. Eu já havia pedalado mais de 2.500 km. E saber a hora de parar é importante.
De Middesbrough decidi seguir para Liverpool de trem. Uma cidade que tinha muita vontade de conhecer por ser a cidade dos Beatles. Foi uma decisão acertada, lá encontrei uma hospedagem da rede YHA. O lugar é excelente, bem localizado e com um preço que me agradou muito . Fiquei na cidade por quatro dias. Explorei cada canto e descobri tudo sobre a vida dos Beatles. Foi incrível.
De Liverpool segui de ferry para Dublin (Irlanda) e de lá a ideia era explorar algum trecho da EuroVelo 1. Escolhi pedalar na região do condado de Donegal. Também foi um trecho curto, apenas para reconhecimento da rota, já pensando em voltar em outra oportunidade.
Hi Vera! What an amazing trip! I’m hoping to do the Netherlands/Belgium/France part of it this coming June. Do you have GPS routes you can share with me? Thanks so much, Ruth.
Hi Ruth! Unfortunately not. I don’t usually record routes because I do a lot of detours.
But you can find it on the website https://www.lfkustroute.nl/en
Thanks.
ola vera estou encantad co. sya experiencias. pretendo fazer uma viagem dessas.