La Véloscénie: a ciclovia que liga Paris ao Mont Saint-Michel
511,13 km: esta é a distância que percorremos ao longo da Ciclovia Véloscénie, de Paris ao Mont-Saint-Michel (houve alguns desvios – oficialmente são 450 km). No geral percorri uma média de 46 km por dia com pico de 67 km no 7º dia.
11 Etapas: este é o número exato de dias de ciclismo efetivo que levamos para realizar o percurso. Mas houve cidades em que ficamos dois dias hospedados (Chartres e Mont-Saint-Michel) e em Paris três dias. Considerando as paradas, a viagem durou 18 dias.
1 país: França. Contemplamos e exploramos tudo com calma. No espaço de poucos dias, descobrimos patrimônios incríveis, como Chartres, Alençon, o castelo de Maintenon e o de Nogent-le-Rotrou. Mas o que mais nos impressionou foi o seu lado selvagem e menos conhecido! Apenas algumas pedaladas fora de Paris e já estávamos no coração da natureza.
Na parte 1 relato todas as dicas para pedalar tranquilamente pela rota. Ela poderá responder às suas perguntas de logística. Como chegar? Que bicicleta usar? O que levar nos alforjes? E como é a rota?
A parte 2 está relacionada à minha viagem. Os lugares que visitei, as cidades, as vilas e todos os momentos de liberdade que desfrutei.
A ciclovia Véloscénie
Ao longo de 450 km, o percurso passa por cinco lugares declarados como Patrimônio Mundial. A espetacular Catedral de Notre-Dame e as margens do Sena são o início dessa rota. Depois é a vez de Versalhes, com seu castelo, os seus jardins e o seu parque, reconhecido pela UNESCO em 1979.
O percurso continua por mais três patrimônios mundiais: a Catedral de Chartres, com a sua arquitetura gótica; Alençon, famosa pela renda Point d’Alençon, prática declarada Patrimônio Cultural Imaterial pela UNESCO desde 2010. E finalmente o Mont-Saint-Michel. Para além destes cinco locais reconhecidos pela UNESCO, o percurso também passa por outros castelos como Rambouillet e Maintenon.
Mais informações sobre a rota podem ser encontradas aqui.
A rota
Para ligar Paris ao Mont-Saint-Michel de bicicleta, a rota atravessa 4 regiões, Île-de-France, Centro Val-de-Loire, Pays de la Loire e Normandia; 8 departamentos (equivalente a Estados no Brasil): Paris, Hauts-de-Seine, Essonne, Yvelines, Eure-et-Loir, Orne, Mayenne e Manche; e 3 parques naturais regionais, Haute Vallée de Chevreuse, Perche e Normandie-Maine.
A sinalização
A rota esta sinalizada em 98% em ambas as direções entre a Île de la Cité em Paris e Mont-Saint-Michel. A sinalização das placas é verde e branca com o logotipo La Véloscénie e indicações de quilometragem regularmente no caminho.
Das duas alternativas propostas entre Massy e Rambouillet, apenas está completamente sinalizada a variante via Versalhes e Saint-Rémy-lès-Chevreuse. A outra da Limours deverá estar totalmente equipada até o final de 2023, o que fará de La Véloscénie um percurso 100% sinalizado! Enquanto isso, você ainda pode fazer o download das trilhas GPS dos trechos entre Limours e Saint-Arnoult, e entre Saint-Arnoult e Rambouillet.
É aconselhável ter mapas detalhados com você. Eu prefiro os mapas impressos, não saio sem eles. Eu recomendo as edições Glénat e Ouest-France, são as mais atualizadas. Elas oferecem guias completos incluindo mapas detalhados, instruções de orientação, dicas de visitas, informações culturais e históricas sobre as cidades e campos percorridos, bem como uma lista de alojamentos Accueil Vélo em cada etapa.
As edições Chamina também oferecem um guia sobre a Véloscénie, a última versão foi republicada em 2021.
O percurso
O itinerário da Ciclovia alterna entre trechos sem trânsito, pequenas estradas tranquilas e ciclovias e vias verdes, especialmente onde atravessa vilas e cidades. Muito do trajeto é asfalto, boa parte passa por superfícies naturais, como estradas de terra parcialmente irregulares e estreitas e cascalho.
Esta rota é bastante adequada para todos os níveis. No entanto, você deve saber que há trechos com colinas e que algumas partes são, portanto, mais difíceis que outras. Contudo, não é uma jornada intransponível.



Quanto dias para percorrê-la?
Aqui, mostrarei como percorremos a ciclovia em 11 etapas, de Paris a Mont-Saint-Michel. Mas depende de você.
São tantas as cidades interessantes, pitorescas vilas medievais, castelos e tanta beleza natural no trajeto, que optei em seguir muito devagar (Slow Velo). Vale a pena reservar um tempo em seu itinerário para explorá-las. Seria um desperdício passar por elas sem conhecê-las.
Mas é claro que essa é apenas uma sugestão. Se tiver pouco tempo e quiser seguir mais rápido ao longo do percurso, pode simplesmente reduzir as etapas, utilizando o transporte ferroviário.
Bicicletas são permitidas a bordo e os traslados são fáceis.
Tenha cuidado, porém, com o trem de retorno durante a alta temporada. A estação Pontorson corre o risco de estar cheia de ciclistas e os trens TER têm transporte limitado de bicicletas.
Se você deseja fazer o passeio de bicicleta apenas em uma direção, existem várias outras opções de viagem para a ida e para a volta. Existem conexões de trem entre Mont-Saint-Michel e Paris, e se você reservar com antecedência, poderá conseguir passagens por um ótimo preço.
Quantos quilômetros devo fazer em um dia?
Se você está em muito boa forma, 60 a 80 km por dia não é irreal. Caso contrário, você deve se contentar com 30 a 40 km por dia.
Lembre-se de que uma viagem de bicicleta também significa ver e fazer coisas ao longo do caminho. Sempre planeje um pouco de tempo extra para possíveis desvios. O melhor às vezes está fora do percurso. Explore.
A ciclovia é relativamente fácil de pedalar, com poucas inclinações em alguns trechos. Devido à boa infraestrutura ao longo do caminho, é uma cicloviagem fácil de organizar.
Qual bicicleta levar ou alugar?
A ciclovia Véloscénie é uma rota relativamente plana, você realmente não precisa ter uma bicicleta top para fazer o percurso. Como sempre, há mountain bikes e bicicletas híbridas. Encontrei as duas ao longo do percurso. Havia um pouco mais de híbridas na rota porque seguimos por ciclovias, onde elas se adaptam bem. Eu encontrei muitas bicicletas elétricas. E vários pontos de recarga de bateria. Mas convém lembrar que há muitos trechos de cascalho. A escolha é tua.
Na minha opinião, por ser uma rota curta e linear, mas com fácil retorno para o ponto de partida. Aconselho alugar.
É possível alugar uma bicicleta (VTC ou VAE) para fazer a Véloscénie. A locadora se encarrega de levar a bicicleta nos pontos de partida e chegada. Os preços variam entre 15 e 80 euros, dependendo do modelo escolhido. Através do site da Véloscénie, você encontrará todos os “pontos de recepção de bicicletas” que garantem serviços de qualidade ao longo das ciclovias.
Mas se optar em levar sua bicicleta, aqui você encontra informações sobre como transportar a bicicleta na viagem. Eu já estava na Europa pedalando e estava com a minha bicicleta. A do meu marido (sim, nessa viagem tive a companhia do meu querido companheiro) nós alugamos em Paris por 15 dias, e devolvemos no mesmo lugar da retirada. Foi fácil e tranquilo.
Quando ir
A melhor época na minha opinião é de maio a setembro. Embora você provavelmente possa ir o ano todo. Tenho como lema que a melhor época é a que você pode ir. Se prepare para a data disponível e não deixe esse detalhe ser um empecilho.
Eu como sou aposentada, mãe de filhos adultos, escolho sempre viajar entre fim de abril e começo de novembro. Procuro evitar o mês de agosto – férias escolares na Europa e os meses de altas e baixas temperaturas.
Essa viagem aconteceu no período de 05 a 23 de julho de 2023.
O que levar no alforje
Quando se trata de bagagem, vale o seguinte: o mínimo possível, o máximo necessário. Aqui está uma lista , do que na minha opinião são as coisas mais importantes que se deve levar.
Além disso, não se esqueça de verificar sua bicicleta cuidadosamente antes da viagem. Viajar de bicicleta é definitivamente mais divertido quando as marchas e os freios são ajustados corretamente e todas as partes móveis são bem lubrificadas. Você também deve verificar os pneus antes do passeio. Recomendo que aprenda o básico de mecânica de bicicleta, como por exemplo trocar um pneu.
É aconselhável ter algumas ferramentas na bagagem: alavanca de pneu, kit de reparação/câmara de substituição e, claro, uma bomba de bicicleta.
Hospedagem
Em julho não tive problemas para encontrar um alojamento na ciclovia em cima da hora. Em todos os destinos, havia opções de acomodação. Há desde hotéis e hostels com quartos compartilhados até parques de campismo, basta escolher o tipo de hospedagem que melhor se encaixa em seu perfil de viagem.
A rota conta com uma rede de alojamentos premiada com o certificado Accueil Vélo, que oferece serviços especiais para cicloviajantes, garantindo alojamento com quarto fechado para bicicletas, ferramentas para pequenas reparações e um bom café da manhã.
E se você não se importa com o peso extra do equipamento de camping, existem muitos acampamentos no percurso.
Eu alternei entre camping e hospedagem em hotel. Se estiver pedalando em duas ou mais pessoas, realmente não é muito mais caro ficar em um hotel. Se estiver pedalando sozinho, há uma diferença significativa de preço. Mas compensa optar por hostel – são vários e todos ótimos. Eles são os meus preferidos.
Lembre-se sempre de perguntar se há lugar para guardar sua bicicleta ao reservar uma acomodação.
Que orçamento você deve planejar?
Tudo depende de como você quer viajar. Se quiser acampar durante o trajeto, há várias opções de parques de campismo. Você pode gastar de 10 a 15 euros por dia, em média, com bastante facilidade. Se quiser um pouco mais de conforto, conte entre 50 e 80 euros por dia em regime de alojamento e café da manhã. Quanto à alimentação, o custo também varia de acordo com as escolhas. Os supermercados oferecem uma variedade de comidas embaladas que valem a pena, já os restaurantes costumam ser mais caros.
+ Dicas
Faça pausas
As rodas estão girando, o sol está brilhando e você está de bom humor. É tentador continuar quando as coisas estão indo bem. Mas é importante fazer pausas regulares. Dessa forma, você evita o esgotamento repentino e os músculos doloridos.
Não se esqueça da proteção solar! Na bicicleta, o vento refresca a pele e é fácil subestimar a intensidade dos raios solares. Portanto, aplique protetor solar com frequência.
Cumprimente e seja legal
É educado cumprimentar outros ciclistas nas ciclovias. Na bicicleta, você fica ao nível dos olhos de outros ciclistas e dos locais. Pare e converse com as pessoas. Pode ser que um encontro emocionante se desenvolva a partir disso.
O ponto de partida
Paris é o ponto de partida dessa incrível jornada que tem como marco zero a Catedral de Notre-Dame de Paris. Para chegar até lá há várias opções de voo saindo das mais diversas capitais do Brasil. Vale a pena pesquisar preços e companhias aéreas com antecedência de no mínimo 6 meses. Não esqueça de verificar as regras para transporte de bicicleta.
Uma opção é a companhia aérea TAP ou Air France. Nela, a bicicleta pode ser transportada gratuitamente como bagagem de porão, desde que não ultrapasse o peso (23 kg na classe econômica e 32 kg na classe executiva) e as dimensões permitidas (158 cm na soma de altura + comprimento + largura). Só serão aplicadas taxas adicionais caso necessite transportar mais bagagem do que a sua tarifa permite, ou caso exceda os limites máximos de dimensão ou peso.
Mas, na Air France de Paris para o Brasil me cobraram 100 Euros para transportar a bicicleta.
Vale a pena reservar pelo menos 2 dias para explorar Paris, uma das cidades mais fascinantes da França (na minha opinião). São inúmeros os pontos interessantes para explorar. Para conhecer Paris o melhor é pedalar. Ciclovias cortam toda a cidade e o respeito aos ciclistas é invejável.
1ª Etapa: Paris / Versalhes (44,39 km)
Após passar três dia explorando Paris, chegou o momento de seguir nossa jornada em direção ao Mont Sant-Michel. O ponto de partida é a catedral de Notre Dame. Um início de jornada grandiosa, não só por estarmos de frente à bela arquitetura da catedral, como por sua dimensão espiritual e simbólica. Durante a sua longa história (850 anos!), a catedral foi palco de inúmeras obras, a começar pelo famoso romance de Victor Hugo. Aproveitamos para admirar mais uma vez este edifício notável, infelizmente fechado desde o incêndio de 15 de abril de 2019.
Atravessar Paris de bicicleta não foi difícil graças a uma rede de ciclovias e corredores que permitem percorrer toda a cidade. A sinalização da ciclovia aparece várias vezes ainda dentro de Paris, o que tornou a jornada tranquila.
Os primeiros trechos do percurso seguem pela Île Saint-Louis à Porte de Vanves, passando pelo cais do Sena, pelo Quartier Latin, por Saint-Germain-des-Prés. Logo depois, sem perceber, chegamos ao Vale de Bièvre.
Em Bièvre seguimos pela famosa Coulée Verte no sul de Paris, um “corredor verde” de 12 quilômetros de extensão e isolado do tráfego de automóveis. Uma paisagem arborizada que é tão surpreendente quanto agradável. Segue ao lado das notáveis propriedades departamentais de Sceaux e Vallée aux Loups.
Depois de sair do corredor verde, seguimos pedalando até a nossa primeira parada – Massy. Dali a rota divide-se em duas variantes: à direita por Versalhes ou à esquerda por Limours.
Nós optamos por Versalhes. O caminho segue principalmente por ciclovias e pequenos trechos por estrada compartilhada, mas tudo muito tranquilo. Seguimos para a cidade da morada dos reis!
Versalhes
Ao chegar em Versalhes, ainda tivemos tempo para explorar os arredores do Castelo e agendar uma visita para a manhã seguinte.
Antes de seguir para o hotel, fizemos uma parada em um dos vários restaurantes e comemoramos nossa primeira etapa. Nesta etapa houve vários desvios (oficialmente são 33,8 km).
Pernoite: Royal Hotel Versailles.
Destaque da etapa: O castelo de Versalhes.
2ª Etapa: Versalhes / Saint Rémy les Chevreuse (24,76 km)
Pela manhã tínhamos agendado uma visita ao castelo. Assim que deixamos o hotel seguimos direto até lá. Estacionamos nossas bicicletas e começamos a explorar seus fantásticos jardins.






Listado como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1979, o Palácio de Versalhes e o seu parque é, na minha opinião uma visita obrigatória.
As suas origens remontam ao século XVII, inicialmente criado como pavilhão de caça por Luís XIII, a partir de 1623 tornou-se local de exercício do poder quando Luís XIV ali instalou a corte em 1682, após grandes obras de ampliação e renovação. finalmente, o castelo foi transformado em museu no século XIX. O complexo, composto pelo parque e jardins, bem como pelos castelos Trianon, queridos pela Rainha Maria Antonieta, estende-se por 800 hectares.






Após a visita seguimos pedalando. Logo em frente ao castelo já encontramos a placa de sinalização da rota. O percurso avança por ciclovias e alguns trechos de estrada compartilhada.
Algumas belas colinas aparecem quando entramos no Parque Natural Regional Haute Chevreuse. Paris e seu movimento frenético parecem muito distantes. Daqui para frente, nada de grandes cidades. Seguimos cruzando vilarejos, estradas e ciclovias em nosso próprio ritmo, sentindo o vento da Normandia no rosto.
No percurso fizemos uma rápida pausa em Les Loges-en-Josas e na sua linda igrejinha antes de partirmos novamente em direção a Chevreuse, passando ainda por Toussus–le–Noble e Magny-les-Hameaux.
Logo após Magny-les-Hameaux sentimos a aproximação da floresta, o percurso segue por uma estrada florestal de um verde exuberante. Um trecho de tirar o fôlego, éramos nós e o canto dos pássaros.
Saint-Rémy-lès Chevreuse
Alguns quilômetros depois chegamos em Saint-Rémy-lès Chevreuse (terra dos maravilhosos queijos de cabra). Na cidade vale o desvio para seu castelo com vista para as ruas de paralelepípedos e casas de pedra. No centro da cidade, o passeio das pequenas pontes é cheio de charme e ainda oferece uma bela vista do castelo se estiver atento.




Depois de explorar a pequena cidade, seguimos para a casa que havíamos reservado, distante 5 km, onde faríamos o pernoite.
Finalmente, chegamos ao alojamento, por volta das 20h. Estávamos felizes por ter chegado, esta antiga casa florestal é excepcional ( próxima ao Castelo de Meridon ) e quase dá vontade de se mudar para o meio da floresta. Os proprietários nos receberam e nos deixaram à vontade.
Pernoite: Gîtes dans un Domaine Historique.
Destaque da etapa: Chevreuse, seu castelo, suas ruas e o passeio de pequenas pontes.
3ª Etapa: Saint-Rémy-lès-Chevreuse / Rambouillet (36,45 km)
Logo pela manhã, deixamos a “nossa casinha” já com saudades.
Seguimos por uma estrada compartilhada, arborizada e muito agradável, mas logo uma colina surgiu e exigiu um pouco de esforço.
O percurso segue através do Haute Vallée de Chevreuse Regional Natural Park (Parc naturel régional de la Haute Vallée de Chevreuse). No caminho fizemos um desvio para visitar o Château de Breteuil. A família Breteuil, uma das mais famosas da França, é proprietária deste enorme castelo há várias gerações. O edifício atual, construído em pedra branca com tijolos rosa, data do século XVII. Infelizmente estava fechado.
Deixamos o castelo e seis quilômetros depois encontramos mais uma vila encantadora – Cernay-la-Ville. Fizemos uma breve parada para visitar sua igrejinha.
Dali seguimos na direção do Espace Rambouillet, um parque bastante singular onde encontramos os animais que vivem na floresta de Rambouillet: veados, corços, javalis. Eles vivem livremente, então é preciso ter paciência para observá-los.
O resto do percurso permite avançar pela floresta de Rambouillet. As suas pequenas estradas verdes são uma pura alegria para todos os amantes da natureza como nós.
Pedalamos em uma ciclovia no meio de uma floresta histórica. Era lá que os reis, desde o século XVI, praticavam a caça, e de onde vinha grande parte da água que abastecia o grande jardim de Versalhes. Respirar o ar puro desses espaços é algo que mente e corpo agradecem.


Rambouillet
Assim que chegamos aproveitamos o Parque do Castelo de Rambouillet por um momento e desfrutamos do ambiente descontraído. Como já era tarde o castelo estava fechado, prometemos voltar na manhã seguinte para visitá-lo.
Do parque seguimos em busca de hospedagem, mas antes experimentamos o prato típico do lugar – um crepe delicioso.
Pernoite: Parque de campismo Huttopia Rambouillet.
Destaque da etapa: Espace Rambouillet – Parque Animal (entrada 15 euros); Castelo de Rambouillet.
4ª Etapa: Rambouillet / Épernon /Maintenon / Chartres (55,79 km)
Pela manhã visitamos o castelo e seus arredores. O Château de Rambouillet é uma antiga residência real. Foi também, entre 1896 e 2009, residência presidencial de verão. Cercado por um belo parque de 100 hectares, no coração da Floresta de Rambouillet, o lugar encanta. Ali ainda visitamos La Laiterie de la Reine, instalado nos jardins do castelo, era um espaço reservado para degustação de produtos lácteos, finamente decorado com temas pastoris. Foi presente-surpresa de Luís XVI para Maria Antonieta.












À tarde continuamos pedalando por pequenas estradas compartilhadas à beira dos campos de trigo e canola e caminhos no meio de florestas.



Nossa primeira parada Épernon













Após deixarmos Épernon, não demorou muito, chegamos ao Château de Maintenon, onde visitamos os magníficos jardins! No fundo do jardim encontra-se o aqueduto Vauban, que nunca foi concluído nem utilizado. Na verdade, foi um capricho de Luís XIV cujo objetivo era abastecer as numerosas fontes de Versalhes!





A vista para os aquedutos em ruínas dava a impressão de estarmos na Roma antiga. Arquitetonicamente o castelo possui vários estilos pois foi evoluindo de acordo com os séculos, o que o torna um dos mais belos da França!
Depois de visitar o Château de Maintenon, seguimos em direção a Chartres. A rota segue serpenteando ao longo do Vale de Eure. Esse trajeto é lindíssimo, mesclando estradas vazias ao lado de grandes campos de trigo, ruelas históricas e arborizadas e ciclovias dentro de um belo parque natural nos arredores de Chartres.




Chartres
Chegando lá, nos sentimos numa Veneza francesa e medieval, com todas as ruas de pedra e os canais cortando a cidade. Com suas construções pitorescas, as ruazinhas sinuosas, as casas antigas às margens do canal e pontes, Chartres é uma cidade romântica, charmosa e muito rica em história.



Catedral de Chartres
A Catedral de Chartres, também chamada de Notre-Dame de Chartres, é uma catedral católica de estilo gótico. Além de contar com uma arquitetura fascinante, ela é cheia de pedras e contrastes. Chartres tem inúmeras cruzes, torres, rosas e rosetas de tirar o fôlego. Ela foi planejada de forma que a luz entra por grandes janelas com seus lindos vitrais que contribuem para a beleza e prestígio do local.








A cidade, que já é linda durante o dia, nos conquistou por completo ao cair da noite – estávamos no mês de julho, período em que acontece o espetáculo “Chartres en Lumières”. um show de luzes e som por toda a cidade. Isso mesmo: são mais de 20 pontos históricos animados por projeções de última geração que vão desde a história da fundação da Catedral de Chartres (uma das maiores da Europa) até obras em vídeo de artistas contemporâneos.








Passamos dois dias em Chartres e tivemos tempo mais do que suficiente para explorar seu centro histórico, andar com calma pelas pequenas ruelas, admirar as pontes e construções às margens do rio Eure e nos apaixonar por completo por cada cantinho. Uma lugar surpreendente a La Maison Picassiette .






La Maison Picassiette, é uma obra fascinante. Uma casa coberta de mosaicos que nos faz viajar na imaginação e dedicação do homem que a criou. Uma casa onde absolutamente tudo é coberto por mosaicos: os pisos, as paredes, o teto, as janelas, os jardins e até os móveis e objetos de decoração. O local fascina e transporta-nos para a intimidade da vida de um homem apaixonado chamado Raymond Isidore
Pernoite: apartamento locado pelo Airbnb.
Destaque da etapa: O castelo de Maintenon; Chartres en Lumières e a cidade de Chartres em geral, porque é soberba.
5ª Etapa: Chartres / Fontenay-sur-Eure / Illiers-Combray / Thiron-Gardais (59,01 km)
A saída de Chartres é agradável e passa por um parque. Desta vez atravessamos Beauce, uma região bastante agrícola. As estradas são compartilhadas, mas são muito pequenas.


No trajeto são varias as igrejas medievais, como a Eglise de Meslay Le grenet.




O percurso segue passando por vários vilarejos. Nossa primeira parada foi em Illiers-Combray, uma cidade pequena e bonita. Sua igreja é impressionante e o ambiente é verdadeiramente rural. Paramos lá para almoçar.
Illiers-Combray
Há na cidade um museu dedicado à memória do grande romancista Marcel Proust. O lugar é onde o escritor (1871-1922) passou as férias de infância entre 1877 e 1880. Principal fonte de inspiração para sua obra Em Busca do Tempo Perdido, a casa, propriedade da Sociedade dos Amigos de Marcel Proust, é classificada como monumento histórico desde 1961. Infelizmente estava fechada para reforma. A previsão de reabertura é para final de abril de 2024.
Uma outra visita que fizemos foi a St James’s Church ,foi construída no século XV no local de um anterior edifício românico. A igreja tem teto com vigas de madeira pintadas do século XVI. Em 1907, a igreja foi adicionada à lista de monumentos arquitetônicos da França como monumento histórico .




Dali o percurso segue por ciclovias surpreendentes. E as igrejinhas vão surgindo. A igreja de Saint-Martin em La Croix-du-Perche está classificada como Monumento Histórico desde 1934.






No caminho, deparamo-nos com o castelo Frazé, também parece muito interessante de visitar porque a arquitetura é bonita, vista de fora. Mas, também estava fechado. Dali começamos a pedalar no Perche e as primeiras colinas impõem algumas pequenas subidas no percurso.
Castelo Frazé
Depois que deixamos Frazé, não demorou e já chegamos em Thiron-Gardais. Na cidade é possível visitar o Colégio Real e Militar. Este local foi abandonado antes de ser comprado por Stéphane Bern em 2013. Este último reabilitou o estabelecimento criando um museu, jardins e uma sala de chá onde se pode desfrutar do ambiente calmo enquanto saboreia um bom suco! Fizemos uma breve parada e saímos em busca de hospedagem.
Nós havíamos planejado ficar no albergue L’Auberge de l’Abbaye, com vista para um encantador jardim murado e uma abadia atrás dele. Mas Infelizmente não encontramos vaga disponível. O único camping com vaga disponível nos pediu uma “fortuna” por uma cabana.
Decidimos seguir em frente e para nossa agradável surpresa, poucos quilômetros depois nos deparamos com um Chambres d’hôtes na estrada.



Chambres d’hôtes são uma opção diferente de hotel na França – são quartos oferecidos para turista onde você é recebido pelos próprios moradores que, em geral, são muito simpáticos e atenciosos. Passamos horas agradáveis ali, a proprietária muito atenciosa nos serviu frutas frescas e um vinho rosé no jardim da fazenda. Muita sorte não ter encontrado hospedagem em Thiron-Gardais.
Pernoite: La Glatine – Chambres d’hôtes.
Destaque da etapa: Illiers-Combray. o museu Proustiano – Maison de Tante Léonie, pode ser uma visita interessante. Infelizmente, fechado quando passamos (reabertura em abril 2024).
Colégio Real e Militar de Thiron-Gardais; Os Jardins da Abadia de Thiron-Gardais (ao lado do Royal College) e o Castelo Frazé.
6ª Etapa: Thiron-Gardais / Nogent-le-Rotrou / Rémalard (37 km)
Este dia foi um pouco menos movimentado que os anteriores. E começou bem porque atravessamos a chamada “Toscana de Perche”. Nas estradas sinuosas as paisagens montanhosas e suas aldeias no topo das colinas lembram a Toscana (Itália). Foram várias subidas. Um sobe e desce com vistas maravilhosas. Nesse trecho o dourado das plantações de trigo dominou a paisagem.
O percurso segue em direção a Nogent-le-Rotrou e logo chegamos ao seu castelo. Ele impressiona com suas duas torres. Fizemos uma parada para explorar o castelo e visitar o museu de história de Perche.




Dali avançamos pedalando por pequenas estradas florestais até Condé-sur-Huisne, onde a Véloscénie se junta a Rota Loir Vert – um imenso corredor verde, ao lado do Rio Huisne. Um trecho belíssimo


Esse corredor nos levou até Rémalard, onde decidimos fazer um pernoite. Na pequena cidade não foi fácil achar hospedagem. Tivemos ajuda dos moradores locais na busca por um lugar. Na biblioteca local um senhor muito simpático conhecia um casal donos de um Gîte Rural (os Gîtes são pousadas alugadas com os proprietários para uma ou mais noites). Ele entrou em contato e marcou um encontro para nós. Logo estávamos em um chalezinho agradável na zona rural de Rémalard.
Pernoite: Gîte Rural.
Destaque da etapa: Castelo de Nogent-le-Rotrou; Mortagne-au-Perche e seu centro antigo.
7ª Etapa: Rémalard / Alençon (67,18 km)
Logo pela manhã deixamos a zona rural, afastada da rota mais ou menos 5 km, e seguimos na direção de Alençon. Logo estávamos novamente na antiga linha ferroviária, transformada em ciclovia e completamente tomada por um verde exuberante.


A rota segue na via verde de Condé-sur-Huisne a Alençon. Saímos do Parque Natural Regional de Perche para entrar no território do Parque Natural Regional Normandia-Maine, pouco antes de La Mêle-sur-Sarthe.
Seguimos passando pela floresta de Bourse, nas margens do Vésone, outro trecho muito agradável. O caminho segue por estradas rurais ao lado de campos de trigo e canola até Alençon, destino do dia.


Alençon é uma cidade bonita, tranquila, agradável, que merece ser explorada. Começamos pela prefeitura, catedral e pelo castelo. Seu parque é muito bonito!



O primeiro castelo foi construído em madeira pelos senhores de Bellême durante o século XI.


Visitamos também o Museu de Belas Artes e Rendas para descobrir uma obra prima: a renda Point d’Alençon, incluída na lista do patrimônio cultural imaterial da UNESCO desde 2010.






Prova da extrema sofisticação da renda Point d’Alençon: bordar o equivalente a um selo postal requer cerca de sete horas para rendeiras experientes! As etapas deste saber-fazer ancestral, que valeu à renda Point d’Alençon o título de “rainha da renda” durante a Exposição Universal de Londres em 1851, são transmitidas entre a rendeira e a sua aprendiz, desde o desenho, costura e criação do padrão.
Destaque da etapa: Alençon, com sua basílica, seu castelo e o Museu de Belas Artes e Rendas.
8ª Etapa: Alençon / Bagnoles-de-l’Orne (59,01 km)
Entre Alençon e Bagnoles-de-l’Orne, a rota Véloscénie está dividida em duas variantes. De Damigny a Pré-en-Pail-Saint-Samson, segue uma antiga linha ferroviária convertida em uma ciclovia com muito verde, fácil e segura. Ela segue através do vale Sarthon ou da Reserva Natural Regional Mont des Avaloirs.


A segunda opção é seguir pedalando por estradas compartilhadas e com subidas significativas na direção de Carrouges. Esta é, segundo relatos, a etapa mais difícil de La Véloscénie. Optamos em seguir na direção de Pré-en-Pail-Saint-Samson.
Saindo de Alençon, seguimos por pequenas ruas e ciclovias. No centro da cidade, foi preciso prestar atenção à sinalização na direção de Le Mont a Paris, que pode induzir ao erro. A partir da praça da basílica, saímos da zona pedonal para sudoeste e viramos à esquerda na rue du Val Noble, assim chegamos à rota.
Após três quilômetros, em Damigny, as duas variantes do Véloscénie se separam. Avançamos pela via verde para Pré-en-Pail-Saint-Samson. Um trajeto tranquilo e prazeroso.
No caminho é possível fazer um desvio para o Mont des Avaloirs, ponto mais alto da região do Grand Ouest (416 m). Em um dia claro, diz a lenda que é possível ver a silhueta do Mont-Saint-Michel. O acesso é saindo da ciclovia, logo após o túnel próximo à cidade de Lalacelle. A sinalização para o desvio estava bem visível.
O percurso é acessível de bicicleta, mas com subida constante (130 metros de diferença de altitude positiva repartidos em 3 km). Nós não fizemos e seguimos ao longo da via verde em direção a Bagnoles-de-l’Orne. A ciclovia serpenteia por uma paisagem de rios, florestas e prados típico do Parque Natural Regional da Normandia-Maine. Antes de chegar a Bagnoles-de-l’Orne, paramos na Capela de Notre-Dame de Lignou, com sua estátua milagrosa no topo da igreja. Infelizmente estava fechada.
Bagnoles-de-l’Orne
A chegada em Bagnoles-de-l’Orne foi tranquila. Construída ao lado de um lago, escondida no meio da floresta, esta encantadora cidade termal está situada no Parque Natural Regional da Normandia-Maine. Ela chama atenção devido aos seus complexos hoteleiros e Spas aonde os franceses vão em massa para melhorar o seu bem-estar físico.
Ainda tivemos tempo para percorrer a cidade e comer um crepe antes de sair em busca de hospedagem. Encontramos um lugar muito agradável bem no centrinho da cidade.
Pernoite: Camping de la vée.
Destaque da etapa: Mont des Avaloirs; Notre-Dame de Lignou.
9ª Etapa: Bagnoles-de-l’Orne / Domfront en Poiraie / Barenton / Mortain
Logo pela manhã deixamos Bagnoles e seguimos por pequenas estradas montanhosas compartilhadas. Enfrentamos uma subida longa que exigiu um pouco de esforço.
No caminho uma chuva repentina nos obrigou a parar e nos vestir apropriadamente para seguir pedalando. Depois de alguns quilômetros percorridos avançamos novamente por vias verdes dentro de uma floresta, cercados por uma vegetação exuberante.


Seguimos para Domfront, conforme planejado. O percurso ainda não é fácil, mas as subidas são menos intensas. Quando chegamos na cidade a chuva já havia dado espaço para o sol e uma grande feira de antiguidades acontecia. Percorrê-la foi uma viagem ao tempo.
No século XI Domfront foi palco de muita ação e combates, pois ocupava um ponto importante na fronteira entre a Bretanha e a Normandia. A cidade também foi fortificada, e muitas das torres sobreviveram, juntamente com algumas muralhas, que agora proporcionam um bom cenário para as numerosas casas em enxaimel, ruas estreitas de paralelepípedos e edifícios medievais.


Exploramos a cidade e pretendíamos seguir em direção a Barenton, em alguns trechos a chuva fina ia e voltava. Para visitar Barenton é necessário fazer um desvio de dois quilômetros, mas a preocupação com a chuva fez com que seguíssemos avançando.
Dali uma via verde nos levou a Mortain, foi um trecho muito fácil, mas para chegar ao centro enfrentamos uma subida curta, mas difícil. Assim que chegamos a chuva, que até então era fina, tornou-se torrencial, obrigando-nos a procurar um lugar para nos abrigar. A chuva seguiu persistente, então decidimos pernoitar ali.
Pernoite: Camping de la vée.
Destaque da etapa: Domfront, o centro da cidade, sua fortaleza e as cachoeiras de Mortain.
10ª Etapa: Mortain / Saint-Hilaire-du-Harcouët / Mont-Saint-Michel
No último dia pela Véloscénie seguimos a bonita via verde da cidade velha até ao Château de Ducey, depois a Pontaubault, onde começamos a ver o Mont Saint-Michael.


As paisagens são sublimes. Começamos a sentir o cheiro do ar salgado, a aproximação do mar e a sua brisa fresca. A última linha reta e certamente a mais bela etapa desta magnífica rota. O caminho é maravilhoso.
Ao chegar sobre duas rodas, a silhueta do Mont-Saint-Michel surge ainda mais imponente no final do passadiço, elevando-se no meio da baía, onde se pode contemplar uma das maiores variações de maré da Europa.
O Mont-Saint-Michel está classificado como Patrimônio Mundial da UNESCO, tanto na categoria de bens culturais, desde 1979, quanto como componente das Rotas de Saint Jacques de Compostela, em França. É, portanto, identificado pelo seu Valor Universal Excepcional (VUE). Um tesouro de arquitetura e saber-fazer concentrado na sua abadia, e uma baía única no mundo, sujeita aos caprichos das marés, que constituem uma base extraordinária para a rota de ciclismo de Véloscénie. Um final inspirador e lindo!
Destaque da etapa: o Castelo Ducey; a Roche Torin, que oferece uma bela vista do monte; e a Abadia do Mont-Saint-Michel.
Viagem maravilhosa, Vera. Quero fazer! Senti falta da informação sobre o retorno (provavelmente de trem?) e mais sobre as hospedagens.
Oi Paulo bom dia!
Descupas pela demora para resposta.
Sim , realmente é uma viagem maravilhosa e muito tranquila.
O retorno foi realmente de trem. Na França é possivel levar as bicicletas nos trens. Nosso voo de volta era de Paris, então voltamos de Saint Michel de trem.
Quanto a hospedagem eu cito no blog Accueil Vêlo ( um site especifico de hospedagem para ciclistas) https://en.francevelotourisme.com/tips-and-advices/accueil-velo e tambem deixo o site do hostel se voce clicar em cima da palavra hostel voce sera direcionado ao https://www.hostelworld.com/
Qualquer duvida estou a disposição.
Forte abraço
Fui profundamente cativada por tantas imagens tão belas! Muito obrigada por compartilhar, isso é muito significativo.
Oi Iameda , bom dia! Fico muito feliz por saber que as fotos te cativaram.
Obrigada. Forte abraço.