Berlim – Copenhague de bike  : uma viagem solo

728,08 km: esta é a distância que percorri ao longo da Ciclovia de longa distância Berlim-Copenhague (houve alguns desvios – oficialmente são 689 km). No geral percorri uma média de 48 km por dia com pico de 84 km no 14º dia.

15 Etapas: este é o número exato de dias de ciclismo efetivo que levei para realizar o percurso. Mas houve cidades em que fiquei dois dias hospedada (Waren, Müritz, Stege e Rostock) e em Berlim e Copenhague fiquei 3 dias. Considerando as paradas, a viagem durou 27 dias.

2 países: Alemanha e Dinamarca. Contemplei e explorei tudo com calma. No espaço de poucos dias, encontrei na Alemanha muitas florestas, lagos e campos de canola sem fim; na Dinamarca houve uma proximidade direta com o mar. As paisagens incluem aldeias, cidades medievais e cidades particularmente encantadoras, como por exemplo Waren (Müritz), Rostock, Nykøbing e Køge.

Na parte 1 relato todas as dicas para pedalar tranquilamente pela rota. Ela poderá responder às suas perguntas de logística. Como chegar? Que bicicleta usar? O que levar nos alforjes? E como é a rota?

A parte 2 está relacionada à minha viagem. Os lugares que visitei, as cidades, as vilas e todos os momentos de liberdade que desfrutei. 

A ciclovia Berlim – Copenhague

A ciclovia que liga Berlim a Copenhague é conhecida como “Berlin-Copenhagen Radweg” ou “Berlin-Copenhagen Cycle Route” em inglês. É uma rota popular entre ciclistas que desejam explorar as belezas naturais e culturais entre a capital da Alemanha, Berlim, e a capital da Dinamarca, Copenhague.

Mais informações sobre a rota podem ser encontradas neste link.

A rota 

Ao longo de aproximadamente 700 quilômetros, é possível desfrutar de paisagens deslumbrantes, lagos pitorescos como o Müritz no Mecklenburg Lake District e cidades históricas como a cidade Barlach de Güstrow e Rostock, lindas ilhas como Møn, conhecida por seus penhascos de giz branco e a bela costa de Seeland.

Os primeiros 400 quilômetros seguem pela região de Brandemburgo, que circunda a cidade de Berlim. Essa região é conhecida por seus vastos espaços naturais, parques nacionais, lagos e florestas. A rota continua ao norte de Brandemburgo, através de Mecklenburg, O trecho Alemão segue até Rostock. 

No caminho, ciclovias exclusivas seguem ao longo de canais, contornando as grandes águas do Mecklenburg Lake District e passando por florestas rústicas, prados verdejantes e campos amplos. Os 300 quilômetros restantes a caminho de Copenhague seguem através dos campos intocados da Dinamarca, caracterizados por prados verdes, lindas colinas, falésias imponentes e

A sinalização

Todo o percurso entre Berlim e Copenhague está sinalizado. Na Alemanha, siga as indicações com o logotipo da rota : Radweg Berlin-Kopenhagen

No trecho dinamarquês da rota Berlim a Copenhague a sinalização específica da rota termina, mas as sinalizações para bicicleta continuam. Para não se perder é importante sempre saber qual a cidade seguinte. E até Copenhague é necessário ficar atento a essas sinalizações e sempre seguir as placas para os ciclistas com o número 9 em vermelho – Ciclovia Nacional N9. Em Møn, deve-se seguir as indicações para a Ciclovia Nacional N8.

Também é aconselhável ter mapas detalhados com você . Eu prefiro os mapas impressos, não saio sem eles. Eu recomendo o guia ” Radfernweg Berlin Copenhagen – Editora Esterbauer (série bikeline), – apesar de estar disponível apenas em alemão, ele ajuda muito. Na foto um morador local mostra no mapa o local que desejo encontrar.

O percurso

O itinerário da Ciclovia alterna entre trechos sem trânsito, pequenas estradas tranquilas e ciclovias.  Muito do trajeto é asfalto, uma parte passa por superfícies naturais como estradas de terra parcialmente irregulares e estreitas e cascalho. Houve trechos por trilhas em meia a mata.

No percurso duas travessias de balsas são necessárias.

1.Uma balsa de Rostock até Gedser

Para o trajeto até o porto ultramarino, de onde sai a balsa, reserve um tempo para pedalar tranquilo. Do centro de Rostock são cerca de 10 km. A balsa funciona várias vezes ao dia e a viagem dura 45 minutos.

Para uma pessoa com bicicleta o custo é de 19 euros na alta temporada (24/5 até 10/9) e 8 euros na baixa temporada (1/1 até 23/5 e 11/9 até 31/12).

Você pode comprar ingressos online no Scandlines ou diretamente no porto no escritório da empresa.

Também é possível trocar dinheiro diretamente no porto.

É importante chegar pelo menos meia hora antes da partida no porto para comprar passagens e pedalar até a balsa. As bicicletas são autorizadas a entrar a bordo depois dos caminhões.

No deque inferior há vagas extra para bicicletas. Lá a bicicleta deve ser presa em um suporte e depois é necessário ir para o convés. Não se esqueça: você não pode descer novamente durante o passeio, então leve tudo o que precisar nos próximos três quartos de hora.

Quando a balsa chega, os ciclistas saem do navio por último, após os caminhões partirem.

2.Um Ferry   de Stubbekobing – Bogø

Funciona diariamente de 1º de maio a 30 de setembro e de 13 a 21 de outubro. Não viaja fora destes períodos. Em julho, a travessia para a ilha de Bogø é gratuita para pedestres e ciclistas. Tem duração de 15 a 20 minutos e antes da partida da balsa, dependendo da chegada, ainda há tempo para comer algo e tomar um café no porto. A balsa também transporta carros e motocicletas.

A travessia custa 50 DK – uma bicicleta e um adulto, o que equivale a cerca de 6,70 euros. Há uma máquina de bilhetes no porto. Na balsa, só se pode pagar em dinheiro.

Fora da temporada é preciso cruzar a ponte entre Vordingborg e Orehoved. É um trecho mais longo, mas você passará pela histórica Ponte Storstrøm, que deve ser demolida em 2024. A Ponte Faroe está mais próxima, mas aberta apenas ao tráfego.

Quanto dias para percorrê-la?

Aqui, mostrarei como percorri a ciclovia em 15 etapas, de Berlim a Copenhague. Mas depende de você.

São tantas as cidades interessantes, pitorescas vilas medievais, castelos e tanta beleza natural no trajeto, que optei em seguir muito devagar (Slow Velo). Vale a pena reservar um tempo em seu itinerário para explorá-las. Seria um desperdiço passar por elas sem conhecê-las.

Mas, é claro que essa é apenas uma sugestão. Se tiver pouco tempo e quiser seguir mais rápido ao longo do percurso, pode simplesmente reduzir as etapas escolhendo outro ponto de partida. Ou fazer apenas o trecho da Alemanha ou da Dinamarca.

Se você deseja fazer o passeio de bicicleta apenas em uma direção, existem várias outras opções de viagem para a ida e para a volta. Existem conexões de voo, trem e ônibus entre Berlim e Copenhague, e se você reservar com antecedência, poderá conseguir passagens por um ótimo preço.

Quantos quilômetros devo fazer em um dia?

Se você está em muito boa forma, 60 a 80 km por dia não é irreal. Caso contrário, você deve se contentar com 30 a 40 km por dia.

Lembre-se de que uma viagem de bicicleta também significa ver e fazer coisas ao longo do caminho. Sempre planeje um pouco de tempo extra para possíveis desvios. O melhor às vezes está fora do percurso. Explore.

A ciclovia é relativamente fácil de pedalar, com poucas inclinações em alguns trechos – principalmente no trecho entre Stege e Mons. A preocupação é a direção do vento, pois costuma soprar forte na região do mar Báltico. Eu enfrentei dois dias de vento forte durante o trajeto – entre Waren e Krakow am See e entre Stege e Præstø.

Devido à boa infraestrutura ao longo do caminho, é uma cicloviagem fácil de organizar.

Qual bicicleta levar ou alugar?

A ciclovia Berlim-Copenhague é uma rota relativamente plana, você realmente não precisa ter uma bicicleta top para fazer o percurso. Como sempre, há mountain bikes e bicicletas híbridas. Encontrei as duas ao longo do percurso. Havia um pouco mais de híbridas na rota porque seguimos por ciclovias, onde elas se adaptam bem. Eu encontrei muitas bicicletas elétricas. E vários pontos de recargas de bateria. Mas convém lembrar que há muitos trechos de cascalho. A escolha é tua.

Na minha opinião, por ser uma rota longa e linear é muito favorável levar sua bicicleta. Aqui você encontra informações sobre como transportar a bicicleta na viagem. 

Mas sim, é possível alugar uma bicicleta em Berlim e devolvê-la em Copenhague ou vice-versa.

A One Way Bike Tours em Klampenborg (Copenhague) e a Fahrradstation em Berlim uniram forças para que fosse possível alugar uma bicicleta de qualidade em um lugar e devolvê-la em outro. Dessa forma, você não precisa providenciar o transporte da bicicleta na volta.

Quando ir

A melhor época na minha opinião é de maio a setembro. Embora você provavelmente possa ir o ano todo. Tenho como lema que a melhor época é a que você pode ir. Se prepare para a data disponível e não deixe esse detalhe ser um empecilho.

Eu como sou aposentada, mãe de filhos adultos, escolho sempre viajar entre fim de abril e começo de novembro. Procuro evitar o mês de agosto – férias escolares na Europa e os meses de altas e baixas temperaturas.

Essa viagem aconteceu no período de 03 a 20 de maio 2023 – primavera – minha estação preferida

O que levar no alforje

Quando se trata de bagagem, vale o seguinte: o mínimo possível, o máximo necessário. Aqui está uma lista, do que na minha opinião são as coisas mais importantes que se deve levar.

Além disso, não se esqueça de verificar sua bicicleta cuidadosamente antes da viagem. Viajar de bicicleta é definitivamente mais divertido quando as marchas e os freios são ajustados corretamente e todas as partes móveis são bem lubrificadas. Você também deve verificar os pneus antes do passeio. Recomendo que aprenda o básico de mecânica de bicicleta, como por exemplo trocar um pneu.

É aconselhável ter algumas ferramentas na bagagem: alavanca de pneu, kit de reparação/câmara de substituição e, claro, uma bomba de bicicleta.

Hospedagem

Em maio não tive problemas para encontrar um alojamento na ciclovia em cima da hora. Na alta temporada pode ser um pouco diferente. No entanto, posso afirmar que na Alemanha há muito mais acomodações disponíveis . Na Dinamarca o número é um pouco mais limitado e os custos são bem mais altos. Mas, em todos os destinos haverá opções de acomodação . Há desde hotéis all inclusive até hostels com quartos compartilhados, basta escolher o tipo de hospedagem que melhor se encaixa em seu perfil de viagem.

A rota conta com uma rede de alojamentos premiada com o certificado Bett+Bike, que oferece serviços especiais para cicloviajantes, garantindo alojamento com quarto fechado para bicicletas, ferramentas para pequenas reparações e um bom café da manhã.

E se você não se importa com o peso extra do equipamento de camping, existem muitos acampamentos no percurso, principalmente em Copenhague.

Eu alternei entre camping e hospedagem em hotel. Se você estiver pedalando em duas ou mais pessoas, realmente não é muito mais caro ficar em um hotel. Se estiver pedalando sozinho, há uma diferença significativa de preço. Mas compensa optar por hostel – são vários e todos ótimos. Eles são os meus preferidos.

Saiba mais sobre o alojamento Bett+Bike na Alemanha e na Dinamarca.

Lembre-se sempre de perguntar se há lugar para guardar sua bicicleta ao reservar uma acomodação.

Opções de camping no percurso pode ser encontradas nestes links para a Dinamarca e para a Alemanha.

Que orçamento você deve planejar?

Tudo depende de como você quer viajar. Se quiser acampar durante o trajeto, há várias opções de parques de campismo. Você pode gastar de 10 a 15 euros por dia, em média, com bastante facilidade. Se quiser um pouco mais de conforto, conte entre 50 e 80 euros por dia em regime de alojamento e café da manhã. Quanto à alimentação, o custo também varia de acordo com as escolhas. Os supermercados oferecem uma variedade de comidas embaladas que valem a pena, já os restaurantes costumam ser mais caros, principalmente na Dinamarca.

+ Dicas

Faça pausas

As rodas estão girando, o sol está brilhando e você está de bom humor. É tentador continuar quando as coisas estão indo bem. Mas é importante fazer pausas regulares. Dessa forma, você evita o esgotamento repentino e os músculos doloridos.

Não se esqueça da proteção solar! Na bicicleta, o vento refresca a pele e é fácil subestimar a intensidade dos raios solares. Portanto, aplique protetor solar com frequência.

Cumprimente e seja legal

É educado cumprimentar outros ciclistas nas ciclovias. Na bicicleta, você fica ao nível dos olhos de outros ciclistas e dos locais. Pare e converse com as pessoas. Pode ser que um encontro emocionante se desenvolva a partir disso.

O ponto de partida

Berlim é o ponto de partida dessa incrível travessia que tem como marco zero o Portão de Brandemburgo. Para chegar até lá há várias opções de voo saindo das mais diversas capitais do Brasil. Infelizmente não há voo direto. Vale a pena pesquisar preços e companhias aéreas com antecedência de no mínimo 6 meses. Não esqueça de verificar as regras para transporte de bicicleta.

Eu saí de São Paulo com a companhia aérea TAP. Nela, a bicicleta pode ser transportada gratuitamente como bagagem de porão, desde que não ultrapasse o peso (23 kg na classe econômica e 32 kg na classe executiva) e as dimensões permitidas (158 cm na soma de altura + comprimento + largura). Só serão aplicadas taxas adicionais caso necessite transportar mais bagagem do que a sua tarifa permite, ou caso exceda os limites máximos de dimensão ou peso.

Vale a pena reservar pelo menos 3 dias para explorar Berlim, uma das cidades mais fascinantes da Alemanha (na minha opinião). A cidade encanta com seus inúmeros parques, bosques e lagos – um terço da cidade são espaços verdes e água. São inúmeros os pontos interessantes para explorar. Para conhecer Berlim o melhor é pedalar. Ciclovias cortam toda a cidade e o respeito aos ciclistas é invejável.

A minha viagem 

1ª Etapa : Berlin / Oranienburg – 55,07 km

A minha jornada de Berlim a Copenhague começou de forma emocionante no icônico Portão de Brandemburgo.

Portão de Brandemburgo.

Portão de Brandemburgo.

Sentindo a energia da cidade e o simbolismo histórico do local, estava animada para começar mais uma cicloviagem. Rapidamente, me integrei ao fluxo movimentado de jovens berlinenses que se deslocavam pelas ruas, assim como pais com suas bicicletas de carga, indo apressadamente levar seus filhos à creche. A bicicleta, de fato, parece ser uma escolha popular para a mobilidade na cidade.

Seguindo a rota, passei pelo belo Tiergarten Park, em meio à natureza exuberante. Continuei pedalando até o impressionante Palácio Charlottenburg, onde a arquitetura e a história do lugar encantam.

No entanto, o dia ofereceu seus desafios. Enfrentei duas reformas no percurso, o que me fez desviar o caminho l. Embora isso possa ter causado algum problema, também proporcionou a oportunidade de explorar lugares e paisagens que talvez não teria encontrado de outra forma.

Segui pedalando, e logo cheguei à  área balnear no Oberhave. A beleza natural desse lugar foi uma surpresa agradável, e aproveitei o momento para descansar um pouco e admirar a paisagem.

Um marco histórico interessante ao longo do caminho foi a torre fronteiriça de Hennigsdorf, que preserva a memória dos tempos da Muralha de Berlim. É emocionante ver como a história está presente em cada canto da cidade, lembrando-nos dos tempos passados e da evolução da Alemanha.

Ao continuar o percurso, deparei-me com o Canal Oder-Havel, proporcionando ainda mais charme à paisagem ao meu redor. A cada pedalada, a expectativa de chegar , aumentava.

Finalmente, depois de explorar uma série de lugares notáveis, alcancei o meu destino do dia. Oranienburg é uma cidade acolhedora, com uma rica história para explorar e lugares interessantes para visitar.

Schloss Oranienburg

Schloss Oranienburg 

Pernoite: OranienburgPension Oranjehus

Destaque da  etapa : Memorial e Museu de Sachsenhausen

campo de concentração de Sachsenhausen

Campo de concentração de Sachsenhausen

Durante a Segunda Guerra Mundial, mais de 200.000 pessoas perderam a vida nas imediações de prados floridos, onde hoje há casas unifamiliares. Em 1936, foi instalado o campo de concentração de Sachsenhausen na pequena cidade próxima de Oranienburg. Atualmente, existe um memorial que mostra exposições sobre a vida dos prisioneiros e a história do campo de concentração em alguns dos edifícios originais e em ruínas.

2ª Etapa : Oranienburg / Zehdenick – 39,58 km

Ao deixar a pequena Oranienburg , próximo à estação de trem, avistei a primeira placa de sinalização. Ela me guiou na direção de Zehdenick. Segui por um trecho nas margens do Lehnitzsee, proporcionando uma visão deslumbrante do lago. A sensação de estar tão perto da  natureza enquanto pedalava tornou o início da viagem especial.

Depois avancei por uma ciclovia que primeiro corre ao longo do canal Oder-Havel e finalmente ao longo do Canal Finow. Apaixonei-me  pela ciclovia. No asfalto liso, deslizei por florestas, aldeias pitorescas e pequenas cidades como Liebenwalde. A paisagem de Brandemburgo está cheia de lagos. De novo e de novo suas margens me convidavam para uma breve contemplação.

Conforme prossegui, a rota me levou ao canal Voss, e esse se tornou o meu companheiro ao longo do percurso por aproximadamente 10 km. O canal oferece uma trilha agradável para pedalar. Entre Oranienburg e Zehdenick, o trajeto está literalmente repleto de canais. Nessa etapa por inúmeras vezes cruzei pontes.

Continuo paralelamente ao canal Voss, desfrutando de uma bela área verde, e finalmente, cheguei a Zehdenick – destino do dia.  

A segunda etapa, foi mais  curta, tranquila e totalmente plana, o que permitiu que eu apreciasse a beleza da paisagem ao redor e me conectasse mais com a natureza.

Pernoite: Zehdenick – Pension Neues Vaterland

Destaque dessa etapa :  Zehdenick – Castelo de Havel

O cuidadosamente restaurado Castelo de Havel está localizado em uma bela península verde, cercada pelo Havel, às portas do Mecklenburg Lake District.

3ª Etapa : Zehdenick / Fürstenberg – 43,12 km

Deixei Zehdenick, logo pela manhã. Não demorou e logo encontrei uma ciclovia, a sinalização indicava uma distância a 41 km do meu destino – Fürstenberg.

Alguns quilômetros adiante, me deparei com uma estreita faixa de terra entre os lagos Stackebrandts Pappelstich e Döbertstich. A vista da água de ambos os lados era simplesmente espetacular.

A rota segue por uma ciclovia tranquila e plana, levando-me ao Brickyard Park Mildenberg, a cerca de 8 km de Zehdenick. Decidi fazer uma parada para visitar o maior museu de tijolos da Europa. O local era originalmente uma olaria, descoberta em 1887 durante a construção de uma ponte ferroviária. As exposições no museu e os pavilhões da antiga fábrica contam a história dessa região desde a década de 1890 até o encerramento das últimas olarias em 1990.  

Após a visita, continuei pedalando e entrei em uma floresta, onde a paz e a tranquilidade reinavam. A ciclovia larga e bem conservada me permitia apreciar a vegetação exuberante enquanto avançava com facilidade. 

Atravessei a pequena vila de Dannenwalde e segui pedalando. No trajeto fiz uma parada para visitar  uma  igrejinha conhecida como “igreja do caminho” pelos ciclistas da Rota Berlim-Copenhague

Kirche Dannenwalde

Kirche Dannenwalde

Mas um pouco adiante , encontro uma igreja medieval  no meio do caminho.

Finalmente, cheguei a Fürstenberg, o destino do dia.

Na entrada da cidade, encontrei o campo  de concentração para mulheres – Ravensbrück –, que funcionou durante a 2ª Guerra Mundial e foi o local onde morreu Olga Benário, esposa do comunista Luiz Carlos Prestes.

A cidade é cercada por água e tem como destaques o palácio ducal projetado por Julius Löwe e a igreja da cidade, construída por Friedrich Wilhelm Buttel.”

Pernoite: Fürstenberg – Gästehaus INNFernow

Destaque da etapa: Brickyard Park Mildenberg

Poucos quilômetros ao norte de Zehdenick, vale a pena visitar o maior museu de tijolos da Europa.

4ªEtapa : Fürstenberg / Neustrelitz – 46,95 km 

A quarta etapa a caminho de Copenhague é a primeira através de MecklenburgNo Mecklenburg Lake District, são inúmeros os lagos pelo caminho. Um mosaico composto por 320 lagos claros, muitas vezes interconectados.

O dia amanheceu com chuva e fiquei na dúvida se seguia viagem. Mas por volta das 10 h da manhã o sol pareceu dar sinal. Decidi seguir em frente. Mas o dia continuou nublado.

Logo após Fürstenberg a paisagem fica cada vez mais montanhosa. Assim que descia uma colina, a próxima  já estava me esperando e isso uma constante na rota pelo Mecklenburg Lake District.

Ao longo do caminho passei por prados intocados, florestas de um verde que encanta e inúmeros lagos, como o Gobenowsee ou o Woblitzsee. Muitas vezes, por ciclovias tranquilas, longe do tráfego e às vezes por trilhas não bem definidas em meio à florestas.

No trajeto, avancei em direção a Neustrelitz, deixando para trás pequenas cidades como  Steinförde, Großmenow, Strasen, Neu Canow, Drosedow e Wesenberg.

Quando cheguei a Neustrelitz estava exausta. Foi um dia tenso, percorrer sozinhas as trilhas indefinidas – em meio a florestas encharcadas da chuva da noite anterior –, não foi uma tarefa tranquila. No entanto, à noite  passeei pela cidade, que já serviu de residência aos duques de Mecklenburg.

Pernoite: Neustrelitz – Hotel Garni Schlossgarten

Destaque da etapa: Castelo Wesenberg

Cerca de 15 quilômetros antes do final da etapa, fica o Castelo de Wesenberg,  construído no século 13. Hoje abriga uma sala de história local com um museu de pesca que vale a pena ver.

Etapa :  Neustrelitz / Waren (Müritz) -71 km

A chuva do dia anterior tinha ido embora, o dia amanheceu lindo e com sol. Aproveitei o dia ensolarado e explorei um pouco a cidade. 

Fiz uma breve parada no Palácio de Neustrelitz (Schloss Neustrelitz). Embora grande parte dele tenha sido destruídao durante a Segunda Guerra Mundial, ainda é possível admirar sua arquitetura e explorar os jardins circundantes.

Schloss Neustrelitz

Schloss Neustrelitz

Os amplos jardins do Palácio são conhecidos como Schlossgarten. Um lugar tranquilo para passear e relaxar, com caminhos sinuosos, fontes e áreas verdes.

 Visitei também as Igrejas de São João (St. Johannis Kirche), esta igreja gótica é um dos edifícios religiosos mais antigos da região. E a direita a  Stadtkirche Neustrelitz. Dois belíssimos exemplos da arquitetura local. Infelizmente estavam fechadas.

Após  as visitas , deixei Neustrelitz, mas não antes de dar mais uma olhada no lago ZierkerSee. Próximo dele encontrei a sinalização da rota, mas o caminho termina em uma ponte com escadas. Tive que retirar os alforjes e carregar a bicicleta para atravessar e seguir pedalando ao longo do lago. Para mim valeu o esforço.

Logo depois estava novamente em meio a uma bela floresta e muitos lagos surgem no trajeto. Sim, eu adoraria me refrescar na água, mas Waren  – meu destino do dia – ainda estava muito longe.

Parque Nacional Müritz

Nessa etapa passei pelo fascinante Parque Nacional Müritz, que encanta com a natureza intocada.

O parque é o maior da Alemanha e tem mais de 130 lagos, todos eles rodeados por inúmeros caminhos e trilhas. Nele uma ciclovia pavimentada impressiona, e foi justamente por ela que segui pedalando. Atravessei o Parque, contornamos inúmeros lagos, e foi um trecho extremamente prazeroso.

No trajeto passei por várias pequenas cidades: Useriner Mühle, Zwenzow, Blankenförde, Babke, Grazin, Dalmsdorf, Kratzeburg, Pieverstorf, Ankershagen.

Em Ankershagen fiz uma parada para visitar  o Castelo de Ankershagen e o Heinrich-Schliemann Museum dedicado à vida e pesquisa de Heinrich Schliemann. O arqueólogo era particularmente conhecido por suas pesquisas sobre Troia. O museu está localizado na casa que foi de seus pais,  uma casa paroquial do século XVIII.

Parque Nacional de Federow

Alguns quilômetros depois, passei por mais uma reserva natural – o Parque Nacional de Federow. Havia lido possui pontos de observação de águias. Acorrentei minha bicicleta e caminhe até um deles para ver um ninho de águia-pesqueira. Mas, não tive sorte, não encontrei nenhum ninho e não vi nenhuma águia.

Dali segui por estradas rurais remotas, cruzando pequenos vilarejos. Os vastos campos de canola, na região brilham tão amarelos que chegam a ofuscar a visão . Parei diversas vezes para comtemplar .

No caminho só encontrei nenhum um restaurante nas pequenas cidades por onde andei  apenas sete quilômetros antes de Waren. Meu estômago estava gritando, já havia pedalado mais de 60 km. Parei, e comi um almoço perfeito. Descanso um pouco, .

Uma horinha ali me revigorou e segui rumo a Waren (Müritz). Na chegada, me encantei com a cidade localizada à margem do lago Müritz, com inúmeros bares e restaurantes. Sentei-me em um dos bares a beira do lago, antes de procurar um hotel. O movimento de barcos saindo para explorar o lago Müritz chamou minha atenção. Decidi ficar dois dias ali. No dia seguinte saí de barco e pude ter uma outra visão do lago e da cidade.

Pernoite: Waren (Müritz) – DJH Jugendherberge Waren (Müritz)

Destaque da etapa: Museu Heinrich Schliemann em Ankershagen

De Mecklenburg a Troy: Sob o lema “Descubra o Mundo de Schliemann”, o Museu Heinrich Schliemann guia você pela vida e pelo trabalho de pesquisa do famoso arqueólogo . Mesmo de longe, você notará o local de nascimento do especialista em escavação: basta manter os olhos abertos para o cavalo de Tróia de madeira que dá as boas-vindas aos ciclistas à em Ankershagen.

O dia que troquei a bicicleta pelo barco

Separei um  de descanso e nada mais relaxante do que um passeio de barco pelo lago. Fui até a marina e agendei um horário para às 10h no Lago Müritz.

Cheguei alguns minutos antes, na entrada da embarcação fui recebida pelo capitão. Durante as 2 horas de passeio, o barco passou por pequenas ilhas adornadas com árvores altas e vegetação exuberante. Em certos pontos, o lago se abriu em vistas panorâmicas de água azul contrastando com o verde das margens. A brisa suave e o sol criaram uma atmosfera serena enquanto o barco deslizava pelas águas. A jornada ofereceu um vislumbre deslumbrante da beleza natural da região, e a tranquilidade da experiência deixou saudades.

A vista da cidade do lago é encantadora

6ªEtapa  Waren (Müritz) / krakow am See – 52,82 km

No início da manhã, deixei a encantadora cidade de Waren e segui em direção às margens pitorescas do Lago Müritz. A vista do lago cercado por uma vegetação exuberante é fascinante. 

Segui pedalando na direção oeste, passando por esplêndidos lagos como Kölpinsee, Jabelscher See e Loppiner See. Cada lago tinha uma  beleza singular.

Logo depois, passei por uma majestosa floresta de pinheiros no Nossentiner/Schwinzer Heath Nature Park. Atravessar a floresta foi mágico, cercada por árvores altas e exuberantes que criavam um ambiente sereno e tranquilo. Os cantos dos pássaros me acompanharam durante quase todo o percurso.

Extração de resina em um pinheiro

Extração de resina em um pinheiro

Durante trajeto, enfrentei alguns desafios, como ventos laterais e trechos com estradas sem pavimentação e buracos. No entanto, nada que não fosse esquecido rapidamente, diante da beleza natural que me rodeava. 

Cruzei também o Lago Drewitz e o Lago Krakower, dois outros tesouros naturais que se somavam à beleza geral da região.

Ao me aproximar de Krakow am See, fiz uma  volta ao redor do Lago krakower para chegar à cidade pelo Norte. Esse pequeno desvio valeu a pena, pois fui contemplada com belas vistas do lago  .

Pernoite: Krakow Am See – Campingplatz am Krakower See

Destaque da etapa:  Lago krakower

Vale a pena dedicar um tempo extra  para conhecer um dos mais belos lagos do estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental.

7ªEtapa  Krakow am See   / Bützow – 48,79 km

Logo pela manhã deixei a cidade de Krakow Am See e segui  pedalando ao longo do rio Nebel.

No percurso algumas pequenas subidas, trilhas estreitas e estradas de terra. Mas nada difícil de enfrentar. Os campos de canolas de um amarelo intenso, reapareceram. Parei várias vezes para contemplá-los.

No trajeto passei por uma grande praia ao lado do Lago Inselsee, fiz uma pausa ali. Muitas árvores crescem no gramado espaçoso na margem, proporcionando sombra agradável. Aliás, o Inselsee foi formado há mais de 10.000 anos, durante a última Era do Gelo.

Dali segui pedalando por uma longa ciclovia até a cidade de Güstrow, onde decidi fazer uma parada. A cidade une estilos arquitetônicos de períodos diferentes – da alvenaria gótica ao classicismo. A catedral gótica e o magnífico palácio ducal vigiam a histórica cidade velha. Valeu a parada.

Depois de deixar Güstrow, o Canal Güstrow-Bützow se estende à  direita.

Até chegar em Bützow , destino do dia, segui ao longo de sua costa.

Pernoite: Bützow – Hotel Am Markt

Destaque da etapa: Castelo Güstrow

O Castelo Güstrow é um castelo impressionante com um charme muito especial. Foi reconstruído em sua forma atual após um incêndio em 1558. O castelo não é bonito apenas por fora, mas por dentro também .

8ªEtapa  Bützow / Rostock –  39, 27 km

Essa foi minha última etapa na Alemanha. Até pouco antes de Rostock, a paisagem era mais plana do que no Mecklenburg Lake District. Infelizmente, não há mais lagos, apenas campos, prados, algumas florestas e muitos campos de canola. Nessa etapa grande parte do percurso é feito por estradas compartilhadas, mas tranquilas.

Foi um trecho relativamente curto. Logo cheguei em Rostock. À primeira vista parece uma aldeia: casas de palha e uma igreja de tijolos. A cidade velha com o Steintor (Portão de Pedra) construído no estilo da Renascença Holandesa (1574-1577), o Neuer Markt e a Universitätsplatz também são pitorescas. A cidade manteve o charme de uma antiga cidade hanseática. Decidi ficar nela por dois dias.

Pernoite: Rostock – Blue Doors Hostel Altstadt

Destaque da etapa : a cidade de Rostock

Um dia para explorar Rostock

Rostock é uma das maiores cidades do Mar Báltico e tem uma rica história que remonta ao século XII. A cidade compunha a Liga Hanseática, uma poderosa aliança comercial medieval. Seu centro histórico exibe belos exemplos de arquitetura hanseática.

É conhecida pela Rostock University, fundada em 1419. Na cidade velha, a igreja gótica de St. Mary apresenta um relógio astronômico do século XV, conhecido como “Großer Heiliger Kreuzgang” (Grande Claustro Sagrado). Foi criado por Hans Düringer e sua equipe entre 1472 e 1474. Ele foi encomendado pela cidade de Rostock como um símbolo de status, conhecimento e habilidade técnica.

Igreja de Marienkirche

Igreja de Marienkirche

Universidade de Rostock

Universidade de Rostock

Steintor e a Igreja Nikolaikirche

Steintor e a Igreja Nikolaikirche

De  Rostock a  Schwerin

O Castelo de Schwerin é um exemplo notável da arquitetura renascentista e historicista do século XIX. Com suas marcantes torres de formas e tamanhos variados, diversas alas com fachadas ricamente ornamentadas e ainda cercado pelas águas, o Castelo de Schwerin é simplesmente deslumbrante!

São precisamente 15 torres – a mais alta delas com 75 metros de altura. Mas adicionadas a elas, tem-se ainda 24 chaminés ricamente decoradas com detalhes que lembram mini-templos. Além disso, o topo do castelo é ornamentado com cerca de 100 elementos decorativos pontiagudos.

A visão do Castelo de Schwerin é bem impressionante – não importa de qual lado o vemos, seja de frente, de lado, dos fundos ou do alto – é sempre uma vista magnífica.

9ªEtapa  Rostock /Gedser / Nykøbing – 26, 89 km

No porto de Rostock, o percurso  segue de balsa até Gedser. Muitos outros ciclistas se reúnem em frente ao terminal. Eles também vão seguir pedalando  para a capital dinamarquesa.

As bicicletas são autorizadas a entrar a bordo, depois dos caminhões. No deque inferior há um estacionamento específicos para elas . Lá prendi minha  em um suporte e depois segui para o convés.

Havia lido que pouco antes de atracar em Gedser, os controles de passaporte são anunciados em alto-falantes e que a polícia de fronteira também verifica as confirmações de reserva em hotel. De acordo com os regulamentos da Dinamarca, é preciso reservar acomodação com pelo menos seis noites de antecedência. Estava preocupada com essa exigência. Tinha reserva apenas para uma noite. 

Ao sair do navio, segui os outros ciclistas. Não houve controle de passaporte e as reservas também não foram verificadas , para meu alívio . 

Há uma brisa forte e provavelmente nunca vi tantas turbinas eólicas como na Dinamarca. Eu as notei de longe, antes mesmo da balsa entrar no porto. Os campos de canola que me acompanharam por longo trechos na Alemanha , também estão presente na Dinamarca.

A partir deste ponto a ciclovia , coincide com a EuroVelo 7 e a sinalização é um N9 ( National Cycle 9 ), o lado dinamarquês é tão bem-sinalizado quanto o lado Alemão. 

A paisagem é mais montanhosa do que o esperado. Minha primeira etapa na Dinamarca, na ilha de Falster, foi relativamente curta e por sorte o vento soprava do sul ,o que garantiu que eu chegasse à pequena cidade de Nykøbing confortavelmente e relaxada.

Pernoite: Nykøbing – DanHostel

Destaque da etapa: Travessia de balsa Rostock – Gedser

A travessia de Rostock a Gedser. Uma das modernas balsas híbridas operadas pela empresa de navegação Scandlines, que cruza o Kadetrinne a cada duas horas – uma das hidrovias mais movimentadas do Mar Báltico. Do convés superior do navio, você tem uma vista magnífica da agitação do popular resort de Warnemünde no Mar Báltico, sua ampla praia de areia e o farol de Warnemünde.

10ªEtapa  Nykøbing / Stubbekøbing – 45, 68 km

Na manhã seguinte, antes de seguir pedalando, decidi fazer um desvio e conhecer uma “cidade medieval” – Middelaldercentret, um museu arqueológico ao ar livre experimental de história viva na Dinamarca, que retrata a idade média  do final do século XIV e início do século XV.

Depois da visita, segui por vilas como Eskilstrup até a vila de pescadores de Hesnæs, onde finalmente encontrei o Mar Báltico e a sinalização EuroVelo 7.

Aproveitei alguns minutos de praia e mar e fiquei olhando as casas de palha que caracterizam o lugar.  A ciclovia nesse ponto corre perto da costa, em parte por caminhos de cascalho e por uma floresta.

Avancei até chegar à cidade de Stubbekøbing, lá há um outro terminal de balsas. Eu deveria pegar a balsa para seguir viagem com destino a Stege. Mas, ao chegar, já era tarde 17:30hs.

No porto, descobri que a balsa estava em manutenção e sem previsão de retorno ao funcionamento. As pessoas no local me desaconselharam seguir viagem pela estrada. Segundo os moradores, atravessar a ponte não era seguro e já era tarde. Optei em fazer um pernoite na cidade e decidir o que fazer no dia seguinte.

Encontrei um B&B ( Bed&Breakfast) e me hospedei. O casal proprietário foi gentil comigo  prometeram me levar até Bogø – local onde a balsa me deixaria. Fiquei agradecida e dormi tranquila

Pernoite: Stubbekøbing – B&B Stubbekøbing

Destaque da etapa:  Middelaldercentret 

Um museu arqueológico ao ar livre experimental de história viva na Dinamarca, que retrata a idade média na Dinamarca do final do século XIV e início do século XV.

11ªEtapa   Stubbekøbing / Stege – 36, 89 km

Pela manhã, o gentil proprietário do B&B, acomodou minha bicicleta em uma van e como havia prometido me levou até o ponto de partida próximo a Bogø. Agradecida voltei pedalar  por uma estrada compartilhada e movimentada.

Um trecho bem desconfortável porque os carros passavam zunindo bem ao meu lado. Somente em Møn as placas de sinalização me levaram de volta a ruas secundárias tranquilas, que geralmente caracterizam a ciclovia Berlim-Copenhague. Igrejas pitorescas – como a Igreja Fanefjord e inúmeros campos de canola floridos também me acompanham em meu caminho até o destino do dia – Stege.

Nessa etapa encontrei um café na estrada, nada demais se não fosse o fato de não haver ninguém para atender. Apenas uma placa em frente que orientava o que fazer.


Cheguei na pequena cidade de Stege e logo me encantei. pequena e charmosa ela é  a maior cidade da ilha de Møn. na ilha a sinalização da ciclovia Berlim a Copenhague é o N8.

Pernoite: Stege – Pension Elmehøj.

Destaque da etapa: Igreja Fanefjord

A principal atração da Igreja Fanefjord são os incríveis afrescos medievais. As partes mais interessantes da pintura foram feitas em meados do século XV pelo ‘mestre de Elmlund’, um artista cujo nome verdadeiro é desconhecido. Nos templos que pintou, o mestre  deixou uma espécie de autógrafo: a imagem de um homem com orelhas compridas de coelho. Ou suas orelhas eram mais compridas do que as dos dinamarqueses médios do final da Idade Média, ou sua imagem hipertrofiada carregava um certo simbolismo, compreensível para seus contemporâneos, mas pouco claro para nós, agora é difícil dizer.

12ª Etapa   Stege/ Møn/ Stege – 44,93 km

Esse trecho é um loop – sai de Stege por uma estrada e volta por outra. Parti logo pela manhã, sabia que seria um trecho difícil com muitas colinas e  ventos fortes. Mas minha curiosidade em conhecer o lugar me fez esquecer os “empecilhos”.

Segui pedalando contra o vento forte. Logo a primeira colina apareceu, mas os campos de canola me distraiam e logo já estava descendo. O trajeto foi cheio de sobe e desce.

No caminho um trecho em meio a floresta também foi bem desafiador. Subidas e descidas bem íngremes fizeram com que minha atenção e cuidado dobrasse.  

Pedalei forte e empurrei um tanto nos últimos metros antes das falésias. Fiz uma parada, estacionei a bicicleta e segui por uma trilha até chegar ao topo da falésia. A vista é incrível.

Depois voltei e segui pedalando até  o GeoCenter Møns Klint – local de acesso à praia (base do penhasco). No meu destino, encontrei legiões de outros turistas que descem a escadaria mais longa da Dinamarca para obter a mais bela vista das rochas brancas.

Enquanto subia as escadas, ouvi um casal discutindo: “Droga, se eu soubesse quantos degraus são, nunca teria subido essas escadas!”, dizia a mulher. Sim, são degraus que não acabam nunca.

Ao chegar na praia vi o Møns Klint erguendo-se majestosamente com suas falésias brancas acima do mar azul-turquesa. No giz do penhasco, foram encontrados dentes do lagarto assassino Mosasaur, que viveu  70 milhões  de anos atrás. Parei para contemplar ainda não acreditando no que via.

Pernoite: Stege – Pension Elmehøj.

Destaque da etapa: Møns Klint

Møns Klint é um penhasco de giz costeiro de 6 km com qualidades geológicas e cênicas excepcionais. As falésias brancas consistem em giz cretáceo que foi demolido em um dos maiores complexos glaciotectônicos do mundo por geleiras durante a última era glacial, cerca de 17.000 anos atrás.

13ª Etapa 13. Stege / Præstø  – 34,33 km

Ainda com ótimas lembranças da ilha de Møn, segui para a Zelândia, a maior e mais populosa ilha da Dinamarca.

O dia amanheceu com vento. A proprietária da pensão onde me hospedei fez um alerta – “o dia hoje é de muito vento” e me mostrou a biruta localizada na frente da casa.  Mas decidi seguir mesmo assim, na esperança de que ao decorrer do dia ele daria trégua. Tentei manter uma postura aerodinâmica, abaixando um pouco e usando marchas mais leves para facilitar o controle da bicicleta.

Deixei a pequena Stege, e logo no início me deparei com uma construção na estrada. Foi preciso muito cuidado, sem acostamento e com os trabalhadores na pista a aproximação com os carros era inevitável. Foi um trecho tenso e muito desconfortável.

O vento que eu esperava que diminuísse, parecia aumentar no decorrer do trajeto. Até que chegou o momento mais desafiador do dia: atravessar : a Ponte Rainha Alexandrina, que liga as ilhas de Møn e Sjælland e é um símbolo do país. No topo da ponte (26 metros de altura) o vento soprava com tanta intensidade que a bicicleta balançava. Foi preciso manter a calma e seguir devagar, empurrando a bicicleta.

Ponte Rainha Alexandrina

Ao cruzar a ponte, a sensação de alívio foi grande. Dali mais tranquila segui contemplando a costa pitoresca enquanto pedalava.

Ainda no caminho , uma surpresa. Encontrei um senhor refazendo um telhado de colmo de uma casa. Amei o encontro, pois, sempre tive curiosidade de saber como eram feitos esses telhados.

Quando cheguei de Præstø, o vento finalmente acalmou, mas estava exausta apesar do pedal curto. Decidi ficar e tentar relaxar. Foi um dia extremamente tenso.

Præstø é tão colorida e aconchegante quanto todas as outras cidades do meu caminho. Logo na entrada da cidade encontrei um camping e decidi ficar por ali.

Pernoite: Præstø – Camping Præstø

Destaque da etapa: Ponte Rainha Alexandrina

 A Ponte Rainha Alexandrina, que se estende por  750 metros até chegar à margem oposta. A ponte de 26 metros de altura é considerada uma das mais belas da Dinamarca e esta retratada  na nota de 500 coroas dinamarquesas. É recomendável  fazer uma breve pausa na ponte – em vista da vista única sobre a Baía de Steger.

14ª Etapa  Præstø / Rødvig – køge – 84,79 km

Depois de me recompor do estresse do dia anterior, deixei Præstø logo nas primeiras horas do dia.  Em maio na Dinamarca em maio à s 5hs da manhã já bate sol. Aproveitei-me disso e  segui com o objetivo de chegar a Køge, distante 80km.

Com um dia de sol ameno e sem vento segui pedalando pela costa.

No caminho encontrei um grupo de dinamarqueses banhando-se nas águas gelada do mar. Parei e fui até a água. Sim, a água estava gelada, mas o grupo nadava deslizando e parecia não se importar com isso.

Segui por estradas compartilhadas cercadas por imensos campos de canola. O amarelado das flores me acalmava e fazia com que eu esquecesse as dificuldades do dia anterior.

Quando cheguei em Rødvig, ainda era de manhã. O Mar Báltico nas praias de Rødvig é cristalino e turquesa. Decidi explorar a cidade e conhecer Stevens Klint – cujo cenário com a igreja na beira da falésia exala um toque mediterrâneo. Mais uma vez conquistei uma escada íngreme e fui recompensada com um panorama de tirar o fôlego. O fluxo de visitantes não é nem metade do que se vê em Møns Klint. Fiquei algumas horas explorando cada canto.

Hoejerup Old Church

A pequena igreja Hoejerup Old Church é uma “joia”. Foi construída por um barqueiro em perigo que prometeu construir uma capela se fosse salvo. Localizada há 30 m.  do penhasco. Foi consagrada em 1357, mas o mar solapou a falésia, e em 1928 derrubou o coro no mar. O restante da igreja agora está protegido por escoras. Seu coro desaparecido foi substituído por um miradouro que oferece uma excelente vista da falésia e do mar.

Hoejerup Old Church

Hoejerup Old Church

Depois fiz mais uma parada. Agora para visitar o Castelo gótico de Gjorslev é o maior edifício medieval da Dinamarca. Infelizmente  estava fechado ao público.

Avancei pedalando na direção de Køge, pouco antes de chegar (7 km) passei pelo Vallø Castle. O parque do castelo – construído no início do século 18 –chama atenção por seu estilo paisagístico inglês com grandes gramados e muitos grupos de árvores centenárias. Decidi parar e fazer uma pausa. O castelo não é aberto ao público, mas é permitido andar pelo pátio. Ali já estava próximo o meu destino do dia.

Segui pedalando por estrada arborizada e logo peguei uma ciclovia que me levou direto para o centro da cidade.

Em Køge me deixei levar pela cidade medieval bem preservada – passando por casas de enxaimel, igrejas e prédios de tijolos até o hotel onde passaria a noite.

Pernoite: Køge –  DanHostel

Destaque da etapa : Stevens Klint

Esse sítio geológico compreende um penhasco costeiro rico em fósseis de 15 km de extensão, oferecendo evidências excepcionais do impacto do meteorito Chicxulub que colidiu com o planeta no final do Cretáceo, cerca de 65 milhões de anos atrás.

15ª Etapa  Køge / københavn – 58,24 km

O percurso vai ficando mais urbano. Cidades cada vez maiores estão alinhadas na Baía de Køge e preparam a expectativa para a capital dinamarquesa, Copenhague.

O caminho é por vezes incômodo por estar mal sinalizado ou por conta de desvios apenas para evitar a estrada principal. As ciclovias seguem quase sempre ao lado de estradas movimentadas e barulhentas.

Já sintia falta das florestas e do silêncio tranquilo enquanto pedalava e apreciava a paisagem. Dos quilômetros de avenidas verdes, das pequenas aldeias com as suas antigas e fotogênicas igrejas de tijolo. Mas ainda encontrei um lindo campo de canola – o último do percurso.

Agora o que me acompanhava eram os mastros de pequenos e grandes veleiros. Lindas marinas como a de Hundige Havn exalam um verdadeiro sentimento dinamarquês e são os precursores de baías de banho igualmente belas, onde os dinamarqueses se divertem.

Com vista para o chamado Amager Fælled, um parque e reserva natural que foi usado como local de execução até 1845, segui pelos limites da cidade até Copenhague.

Ao chegar me senti leve, procurei pela Pequena Sereia (originalmente “Den Lille Havfrue”) no porto de Copenhague. Ao encontrá-la senti que finalmente havia chegado ao marco final da rota. Pedi a um turista para tirar  uma foto e celebrei.

Fiquei ainda alguns minutos apreciando o vai e vem de centenas de turistas. Logo peguei minha bicicleta e segui para o meio da selva urbana, passando por vários pontos de interesse.

Decidi ficar 3 dias e explorar a cidade. Copenhague é uma cidade que reúne o histórico e o moderno. É uma cidade plana, com muitas bicicletas e canais. vale a pena ser explorada.

Depois uma nova rota me esperava. COPENHAGUE A GOTEMBURGO – mas esse será um novo post.

Pernoite: Copenhague – Downtown Hostel

Destaque da etapa: A Pequena Sereia

A estátua de bronze, com pouco mais de um metro de altura, é um dos pontos turísticos mais fotografados da Dinamarca. Ele remonta ao personagem de conto de fadas de mesmo nome do conhecido poeta dinamarquês Hans Christian Andersen.